domingo, 18 de maio de 2014

Ian Curtis, o primeiro mártir dos anos 80 morreu há 34 anos

Ian Curtis, o vocalista dos Joy Division, morreu a 18 de Maio de 1980, na sua casa de Macclesfield.
O epitáfio de Ian Curtis, no cemitério de Macclesfield, Cheshire, nas imediações de Manchester, não poderia ser mais apropriado: "Love Will Tear Us Apart". A canção, que hoje é um clássico da iconografia pop-rock, perdura como registo autobiográfico de uma estrela tão ascendente quanto suicida.

Lançado postumamente, "Love Will Tear Us Apart" foi o tema mais funesto gravado pelos Joy Division e o "single" do grupo que mais subiu na tabela de vendas inglesa (um modesto 13.º lugar). A canção já conheceu várias versões (de Paul Young aos Nouvelle Vague) e foi nomeada para o prémio de melhor tema dos últimos 25 anos da música britânica (ganhou Robbie Williams...).

Juntamente com "Closer", segundo álbum de originais, o tema contribuiu para imortalizar uma banda cuja importância é inversamente proporcional à sua duração e transformar Curtis no primeiro mártir rock dos anos 80. Anos que não viveu de todo, mas que influenciou como ninguém.

Ian Curtis suicidou-se na sua casa de Macclesfield a 18 de Maio de 1980, depois de assistir a um filme de Werner Herzog e de ouvir "The Idiot", de Iggy Pop. Morreu prestes a partir para uma digressão pelos EUA, de forma aparentemente premeditada, no auge da carreira do grupo e depois de concluído um dos seus sonhos: ser capa do "New Musical Express".

As suas últimas canções eram já bilhetes desesperados de despedida, resultado de uma vida amorosa tortuosa e de uma epilepsia que nunca quis assumir frontalmente. As duas últimas letras que escreveu, as de "Ceremony" e de "In a Lonely Place" (com que os sucessores New Order se estrearam), são esclarecedoras quanto às suas intenções lúgubres. Assim como as imagens de "Closer".

Punk ou post-punk?

Peter Saville, o "designer" das capas do grupo e da esmagadora maioria dos discos da defunta Factory Records, escolhera sem saber a mortalha ideal para o vocalista dos Joy Division: as fotografias do cemitério de Staglieno, em Génova, da autoria de Bernard Pierre Wolff. Vinte e cinco anos depois, Saville reconheceu, à "Mojo", que Curtis fizera da capa de "Closer" mais uma nota para o seu suicídio.

“Os Joy Division não eram punk, mas eram directamente inspirados pela sua energia”. Jon Savage, uma das vozes críticas essenciais dos anos 80, sabe o que diz. No início, o grupo chegou a chamar-se Warsaw, em homenagem a David Bowie (o primeiro tema do lado B de "Low" chamava-se "Warszawa"), quando pelo palco do Electric Circus passavam os The Buzzcocks, os The Fall e outras bandas que faziam de Manchester o pólo criativo que varreu o final da década de 70 e da década seguinte.

A proximidade fonética com o nome de uma banda que nunca deixou a obscuridade foi o argumento para a mudança de nome para Joy Division — a ala dos campos de concentração nazis destinada ao trabalho sexual forçado.

The Animals gravam “The House of The Rising Sun”

Há 50 anos… dia 18 de maio de 1964.

The Animals foi uma banda inglesa que apanhou boleia na British Invasion do início dos anos 60. A explosão e o auge aconteceram com a mítica “The House of The Rising Sun”, gravada há exactos 50 anos, em apenas um take.
A música tem uma história fascinante. Não se sabe quem a compôs e muito menos quando foi escrita. A letra fala de um lugar em New Orleans, a “Casa do Sol Nascente” (em tradução livre), onde pobres homens têm arruinado as próprias vidas em apostas e pecados. Impossível dizer se o local é um bordel ou uma prisão e se o narrador é uma prostituta, um(a) prisioneiro(a) ou um apostador. O americano Alan Lomax, historiador e pesquisador de música folk, foi atrás das origens da canção e registou versões de artistas de Kentucky, nos Estados Unidos, e de outros lugares no país. Segundo pesquisas, a melodia tem origens em baladas britânicas, mas também na tradição do folk americano. Também não se sabe quando e onde os Animals ouviram e se encantaram com “The House of The Rising Sun”. Cada integrante da banda na época contava uma história diferente. Eric Burdon, o vocalista, diz que ouviu a música num concerto em Newcastle, norte de Inglaterra, onde nasceu o grupo. Hilton Valentine, o guitarrista, garante que a conheceu na voz de Bob Dylan (a música está no primeiro álbum de Mr. Zimmerman, de 1962).
Versões e histórias à parte, o certo é que os Animals começaram a tocar a música quando estavam em digressão pelo Reino Unido com Chuck Berry, em 1964. O encerramento dos concertos com “The House of The Rising Sun” provocava furor na plateia, hipnotizada pelos riffs de Valentine e pelo teclado de Alan Lomax. Entre uma performance e outra, voltaram para Londres e entraram no estúdio. O baterista John Steel relembra que a banda se apresentou em Liverpool no dia 17 e viajou no dia seguinte para a capital, onde Mickie (Most, produtor da banda) tinha alugado um estúdio. Afinaram os instrumentos, tocaram alguns acordes para acertar o som e mandaram ouvir. Em apenas um take, a música estava gravada.
Lançada como single a 19 de Junho no Reino Unido e em Agosto nos EUA (em versão editada, de 2min58s), “The House of The Rising Sun” chegou ao top britânico em Julho e ao americano em Setembro. Os Animals quebravam, assim, a hegemonia dos Beatles, até então os únicos britânicos a chegarem ao #1. A música também foi sucesso absoluto na Suécia, no Canadá e na Finlândia.
“The House of The Rising Sun” foi gravada por outras bandas e artistas, mas nenhuma versão atingiu o sucesso dos Animals, que começaram a desintegrar-se em 1965.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

THE WATERBOYS - The Whole Of The Moon...

"The whole of the moon" dos The Waterboys de Mike Scott é uma grande música! Daquela que fica para a posteridade e é produzida sem uma data na pauta. "The whole of the moon" chega até nós com a mesma frescura com que foi editada nos anos 80, mais exatamente em 1985; nem se deu por ela, mas correu uma maratona de tempo e está pronta para correr outras mil. Quando chegarmos ao século XXII, ainda se ouvirá com todo o prazer.
"The Whole of the moon" é um portento melódico e poético. E como tudo o que é enorme, só se vê a alguma distância. Esta música foi originalmente publicada em 1985, como uma das faixas de "This is the sea", não tendo recebido grande atenção do público. Foi preciso esperar por 1991 para que "The whole of the moon" sofresse uma reedição e fosse ovacionada. E ainda hoje a ovacionamos.
The Waterboys continuam vivos e a dar música. E porque vale mesmo a pena, aqui fica o vídeo desta música intemporal!

THE CURE - Catch...

Robert Smith passou os anos 80 a tentar perceber como se usa o batom e não se saiu bem. Na música, no entanto, teve mais sucesso. "Kiss me, kiss me, kiss me", o álbum de 1987, catapultou os "The Cure" para a estratosfera das estrelas da música. "Catch", uma das mais discretas músicas deste álbum, acabou por ser escolhida para ser um dos singles, sem se perceber muito bem porquê. "The Catch" é uma música bonita, contida, melódica, bem educada e controlada, mas sem o arrojo e o desconserto habituais. Todavia, ouve-se muito bem e tem uma letra bonita. E por isso fica aqui registada. Prometo um dia destes voltar aos The Cure. Afinal, haveria música dos anos 80 sem os The Cure? Claro que sim, mas não era a mesma coisa

quarta-feira, 7 de maio de 2014

FRANKIE GOES TO HOLLYWOOD - The Power Of Love

Jennifer Rush não foi a única a ter sucesso com uma música, nos anos 80, chamada "The power of love". Na altura, o poder era sobejo e muitas bandas granjeavam sucesso à custa da invenção da maldição de Cupido. Na verdade, o amor vendeu mais na década de 80, do que outro tema qualquer (paradoxalmente, Madonna bradava aos sete ventos ser uma material girl). Cientes disto, os Frankie Goes to Hollywood, resolveram pegar no amor, falar de vampiros, e entraram directamente para o top "As músicas cujo título é The Power of Love e foram lançadas nos anos 80". Sim, porque há ainda outras com o mesmo título. E esta é particularmente melosa. Mas é boa música, muito boa. E com classe. Foi o terceiro single do álbum Welcome the de Pleasuredome, de 1984, e tornou felizes e elevados os espíritos natalícios. Dezembro de 1984 celebrou, provavelmente, o Natal mais quente da história dos 45 RPM. Por essa altura, desceu pela chaminé o single Do they know it's Christmas?, do colectivo Band Aid, o mais vendido da história dos singles nas terras de sua majestade - pelo menos até 1997, quando o tributo de Elton John à malograda princesa Diana de Gales o destronou. The Power of love também fica para a história: para mim, é a melhor música dos anos 80 chamada The Power of Love.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Beatles gravam “Something”

Há 45 anos… dia 2 de maio de 1969.

“Something” já estava no forno. A 25 de Fevereiro, 26º aniversário de George, os primeiros takes foram gravados. Um mês e pouco depois, a 16 de Abril, a primeira gravação oficial, durante a segunda sessão de produção do álbum Abbey Road. A sessão do dia 2 de maio, no entanto, seria a decisiva, segundo consta nos livros dos beatlemaníacos. Naquele dia, “Something” ficaria como a conhecemos hoje: a mais bonita canção de amor deles. De George Harrison!
Das 7 da noite até às 4 da manhã, a banda gravou 36 takes. Com George e John nas guitarras, Paul no baixo, Ringo na bateria e Billy Preston no piano, “Something” tomou forma. O piano de Preston deu um toque melódico ímpar e a guitarra de George chorou o seu mais lindo solo.
Não sem algum atrito à mistura, claro. A certa altura, George reclamou da linha de baixo de Paul, dizendo ao amigo que estava muito frenética e pesada. Uma elegante desforra de George, que escutara calado as infindáveis “observações” de Paul sobre a sua guitarra, em gravações das composições de Macca. Discussões à parte, ao fim de 36 takes, “Something” estava pronta. Naquela versão, havia um bonito solo de piano de John, que acabou por não ficar. Ele aproveitou-o na abertura da canção “Remember”, do seu primeiro disco a solo.
No dia 5 de maio, Paul e George voltaram aos estúdios da Abbey Road para dobrarem baixo e guitarra. A 11 e 16 de julho, George fez os vocais novamente e Billy Preston acrescentou linhas de piano. George Martin, o produtor, acrescentou os belíssimos arranjos de acompanhamento em 15 de Agosto. Nesse dia, George gravou o solo de novo, ao vivo, junto com a orquestra, já que não havia canais disponíveis para registar. Foi a única canção de George lançada como single. Um single especial, com dois “Lado A”, com “Come Together”, de John, no mesmo single. Saiu no dia 6 de outubro nos EUA, no dia 31 no Reino Unido e alcançou o topo das tabelas em terras do Tio Sam (e o quarto lugar em Terras de Sua Majestade).
“Something” é a segunda música dos Beatles mais regravada, a seguir a “Yesterday”. A versão de James Brown era a que George mais gostava. Apesar dos boatos da época, reforçados pela própria Patty, George não compôs “Something” a pensar nela. Mas seja lá como for: será sempre uma canção de amor. Patty receberia homenagens musicais depois, do futuro marido Eric Clapton, que lhe dedicou “Layla” e “Wonderful Tonight”.

JENNIFER RUSH - The Power of Love

Bem no meio da década, esta senhora, Jennifer Rush, lançou um baladão capaz de fazer chorar as pedras da calçada. De repente, e sem aviso, "The Power of Love" estava em todo o lado e era o slow mais requisitado das matinés dos anos 80, e o tal que fazia com que, definitivamente, a partner deitasse a cabeça no ombro do garboso. Depois disso, eclipsou-se. Terá ainda andado a rodar uma ou outra música à custa deste hit, mas foi sol de pouca dura. Continua a gravar e a ter sucesso, sobretudo na Alemanha. Para nós será sempre o vozeirão do The Power of Love, que arrasou os corações dos 80s.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

SCORPIONS - Still Loving You...

Em 1985, mesmo a meio dos anos 80, os alemães Scorpions lançaram uma colectânea de músicas, Gold Ballads, que foi, durante umas 500 semanas, o álbum mais vendido em Portugal. Ouvia-se Still loving you ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar. Depois deixou de passar o "Still loving you", e passou-se a ouvir "Holiday" ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar. O vocalista desunhava-se para cantar aquilo, e fazia um óptimo trabalho, diga-se.
Seja como for, se há arquétipos para as 80s ballads este é um deles. Sim, a estas músicas mais lentas chamavam-se slows, e dançavam-se muito devagarinho e de olhos fechados. Há coisas fantásticas, não há?