domingo, 28 de dezembro de 2014

José Cid - "10 Mil Anos Entre Vénus e Marte"

"10 Mil Anos Entre Vénus e Marte" , álbum de rock sinfónico que, ignorado em 1978, é agora objecto de culto.
No final dos anos 70, entre o ocaso do Quarteto 1111, participações no Festival da Canção e temas de cariz popular como 'A Anita Não é Bonita', José Cid - um dos pioneiros do rock em Portugal - juntou três músicos amigos na sua quinta em Mogofores e com eles criou o que, em 1978, a mesma Orfeu de José Afonso ou Fausto lançou, sem grande aparato, para o mercado: "10 Mil Anos Depois Entre Vénus e Marte", álbum inscrito na tradição do rock sinfónico ou progressivo dos Yes ou King Crimson, e gravado por uma formação que junta Cid a Zé Nabo (guitarra), Ramón Galarza (bateria) e Mike Sergeant (guitarra, apenas num tema), conta uma história: explode a III Guerra Mundial e uma cidade, que simboliza todo o planeta, está prestes a ficar submersa; um homem e uma mulher, cosmonautas, conseguem fugir através do espaço, conhecem novas civilizações e regressam dez mil anos depois à Terra para começar tudo outra vez.
"10 Mil Anos Entre Vénus e Marte" , lançado num período de crescente implantação punk, passou despercebido à época, mas foi redescoberto em 1994 por uma editora norte-americana, a Art Sublime, que o reeditou. Desde então, a reavaliação deste disco 'alienígena' na discografia de um músico que, no eclodir dos anos 80, persistiria na veia popular e ligeira, tem sido constante. A edição original, em vinil, está bem cotada nos meandros do coleccionismo, o álbum surge bem colocado em listas internacionais de indefetíveis do estilo e há bandas novas, como os Capitão Fausto, que o apontam como imprescindível.
Para Cid, "10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte" não é o seu apogeu num género que considera "mais ousado do que a música que se ouvia na altura".

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

The Korgis

“The Korgis”, grupo formado em Inglaterra, no ano 1978, por James Warren, Andy Davis e John Baker. Apresentavam um visual mais parecido de “nerds” do que de músicos, com aqueles óculos que lembram o visual do Bill Gates. Certamente, muitos já ouviram esta canção, chama-se “Don’t Look Back”, e é de 1982. É uma das minhas favoritas. Fez parte da banda sonora da telenovela “Sol de Verão”, de 1982, da TV Globo, e foi um grande sucesso na altura.
A canção tem um início triste, melancólico, dizendo que a pessoa não está com sorte, que as coisas não dão certas... e que os amigos estão muito confusos para ajudar. Mas a mensagem que fica, é que apesar de todos os problemas, não devemos olhar para trás, devemos seguir em frente e viver o dia de hoje!!! Para mim, é uma canção perfeita:.. tanto no arranjo musical, como nos vocais e a letra espectacular.
A música mais famosa dos The Korgis e que ainda se ouve nas rádios, é “Everybody’s Got to Learn Something”, de 1980. Outra bela canção. Alguns artistas já a regravaram, mas na minha opinião, nenhuma se iguala à original. “Everybody’s Got to Learn Something” foi lançada no dia 15 de junho de 1980. Entre idas e vindas do grupo, os The Korgis estiveram separados pela última vez de 1993 até 2005, quando regressaram e continuam no activo. The Korgis é uma banda de grande qualidade sonora.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Mariah Carey - All I Want For Christmas Is You

Serão certamente raros os músicos que nunca deram voz a uma canção natalícia. Diversidade não falta nesta quadra. Elvis Presley. Beach Boys. Run DMC. Bob Dylan. Ramones. James Brown. Sufjan Stevens. Destiny"s Child. Elton John. Justin Bieber. Stevie Wonder. Kanye West. Estes são apenas alguns dos artistas que ao longo dos anos já gravaram canções de Natal. Dos nomes mais mediáticos aos mais alternativos, a época natalícia mantém-se uma fonte de inspiração para uma grande diversidade de artistas. Segue-se um dos maiores clássicos que, ao lado das iguarias tradicionais, não pode faltar em qualquer casa nesta altura do ano.
E este ano, o clássico de Natal de Mariah Carey celebra duas décadas de existência e desde então que não existe ano em que a canção não volte aos tops quando o dia 25 de dezembro se começa a aproximar. No mercado britânico, All I Want For Christmas Is You mantém-se até hoje o single mais vendido de sempre na carreira da cantora norte-americana. Segundo noticia o Washington Post, o single já garantiu a Mariah Carey qualquer coisa como 50 milhões de dólares (40 milhões de euros) em royalties. Há três anos, a cantora gravou uma nova versão da canção em dueto com Justin Bieber (que tem na sua discografia um disco inteiro dedicado a temas de Natal).

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sabrina Salerno

Ocorreu-me que existe uma geração que pode já nem conhecer Sabrina. Não, não falo de Sabrina Sato, mas sim de Sabrina Salerno, a cantora italiana que marcou a nossa adolescência, e contribuiu em grande parte para a nossa entrada na puberdade. E não poderia aceitar que a geração seguinte não saiba quem é. É obrigatório vir conhecer (ou lembrar) Sabrina!

BI

Nome: Norma Sabrina Salerno
Data de Nascimento: 15 de Março de 1968
Signo: Peixes
Local de Nascimento: Génova, Itália
Altura: 1,75m

Bio

Agora já na casa dos 40, Sabrina é uma cantora italiana que fez furor no final dos anos 80. E qualquer pessoa nascida em finais dos anos 70 saberá bem quem ela é, e suspira ainda ao ouvir a música “Boys (Summertime Love)”. Se nunca viu o vídeo, esta é a altura para colmatar essa grande falha. Se já conhecia, confesse que está feliz por lembrar; se não conhecia, prepare-se:
Em plena década do pop, o single “Boys” de Sabrina fez furor em grande parte graças ao seu videoclip. Não sabemos o que levou Sabrina a optar por aquelas vestes, mas estamos profundamente agradecidos por isso!
Como tantas outras estrelas, Sabrina teve o seu auge nos anos 80, mas os anos 90 foram dominados por outras estrelas, e no novo milénio ficou quase vetada ao esquecimento. No entanto, nunca abandonou a carreira e sempre se manteve em actividade, continuando a lançar novos álbuns e fazendo carreira na televisão italiana, sobretudo como apresentadora, mas também com algumas participações em séries e filmes.
Vinte e cinco anos depois da estreia, Sabrina ainda anda por aí… talvez não melhor que nunca, mas certamente ainda em forma e… vale uns minutos da nossa atenção. Não concorda?

Discografia

  • 1987 – Sabrina
  • 1988  - Super Sabrina
  • 1988 – Something Special
  • 1990 – Super Remix
  • 1991 – Over the Pop
  • 1996 – Maschio dove sei
  • 1999 – A Flower’s Broken
  • 2008 . Erase/Rewind (Best Of)

Sabia que

  • A sua carreira começou não pela música, mas como modelo, quando venceu um concurso de beleza em 1985, na altura com apenas 16 anos;
  • O single “Boys” vendeu mais de 1,5 milhões de cópias em todo o mundo;
  • Chegou a pousar nua por diversas vezes, para deleite de tantos… “fãs”;
  • Já em 2010 fez um dueto com outro mega-ícone da sensualidade nos anos 80: nem mais nem menos que Samantha Fox; veja o vídeo aqui!
  • O vídeo de “Boys” foi banido de Inglaterra, até terem sido cortados todos os “deslizes” do seu top;
  • Venceu o prémio para melhor cantora europeia em 1988;
  • Além da televisão e do cinema, também chegou a participar em algumas peças de teatro, com destaque para o papel de Morgan Le Fey em ‘I Cavalieri della Tavola Rotonda”;
  • Ironicamente, apresentou em 2002 um programa focado em antigas grandes estrelas vetadas ao esquecimento;
  • Venceu o prémio especial da crítica pelo seu papel no filme “Colori”, em 2005;
  • À semelhança de Samantha Fox, também Sabrina Salerno teve direito ao seu próprio jogo para o velhinho ZX Spectrum: nele, o jogador tinha que levar Sabrina do aeroporto até ao recinto de um espectáculo, lutando contra a população puritana que a queria impedir de actuar por não aceitar as suas reduzidas vestes. Sim, nesta altura tudo era um pretexto para criar um novo jogo… e para mostrar Sabrina!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A morte de Lennon

Naquela noite, John Lennon regressava a casa de uma sessão de gravação da qual resultaria o álbum póstumo Milk And Honey. Estava com fome, mas preferiu passar primeiro pelo seu apartamento, no Edifício Dakota, para ver como estava o seu filho de cinco anos, Sean Taro Ono Lennon.

A 8 de Dezembro de 1980, Nova Iorque estava anormalmente amena para uma noite de Inverno e a azáfama de Natal contrastava com a quietude do passeio que circundava a arcada principal do famoso prédio. John e Yoko saíram da limousine e caminharam para a porta até que um imbecil disparou cinco tiros fatais sobre as costas do antigo beatle e o resto...

O resto foi um imenso vazio e uma enorme dor. Claro que o disco Double Fantasy, a fruta da época, subiu ao topo das tabelas de vendas um pouco por todo o mundo e o mito nascia com as suas habituais contradições. Os restantes beatles partilharam sentimentos de estupefacção e revolta e a comunidade rock sentiu-se ameaçada, recorrendo à utilização de guarda-costas.

Uma das reacções mais interessantes à morte de Lennon partiu do antigo primeiro-ministro inglês Harold Wilson. "A morte de John Lennon foi uma grande tragédia. O que os Beatles fizeram pelos miúdos foi tirá-los das ruas e dar-lhes um novo interesse na vida", referiu.

Sim ! Os fazedores de sonhos, as roupas e os penteados que seduziram, mas também aqueles que começaram por cantar sobre namoricos e que souberam intrigar-nos com "I Am The Walrus", surpreender-nos com "Helter Skelter" e avançar 200 milhas com "Tomorrow Never Knows" ou "Strawberry Fields Forever".

Mais do que um líder espiritual, "aquele que imaginou tudo", John Lennon foi o tal que nos permitiu conhecê-lo e amá-lo pela sua expontaneidade e autenticidade. A mensagem de "All You Need Is Love" não morreria no período a solo e a sublime "Mind Games", de 1973, que originalmente seria "Make Love Not War", revela uma vez mais um sentimento profundo de comunhão e universalidade.

Em 1980, aos 40 anos, a profissão de fé era mostrar a paz e o amor através de um matrimónio já com 11 anos de existência. Para o rapaz de Liverpool os tempos eram de uma "Woman" para todas as mulheres, de um "(Just Like) Starting Over" que renovava os votos maritais ou de uma incursão na disco com Yoko Ono nos vocais em "Walking On Thin Ice".

Nunca saberemos se teria telefonado a Paul McCartney, na fatídica noite, a propôr um regresso dos Beatles. No entanto, o reencontro dos génios que fizeram a banda sonora das nossas vidas não demoraria muito mais. Mas, como referiu o poeta beat Allen Ginsberg, "Um miserável caçador de autógrafos armado com uma bandeja de ouro e uma arma ajoelhou-se diante de John e matou os Beatles".

sábado, 6 de dezembro de 2014

David Fonseca

David Fonseca nasceu na cidade de Leiria em 1973. Filho de mãe professora e pai bancário, viveu em Marrazes-Leiria até ir para Lisboa. Estudou cinema, vertente de Imagem, na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e foi aluno da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1992/94). Foi fotógrafo de moda, colaborando com diversos catálogos de moda como, por exemplo, Tom Of Finland entre outros do género. Participou em exposições colectivas e individuais.

A carreira musical de David Fonseca começou com os Silence 4, em conjunto com alguns amigos da sua terra natal. O álbum de estreia saiu em 1998 - Silence Becomes It; para grande surpresa de todos, o disco teve um enorme sucesso à escala nacional, vendendo quase 250.000 cópias (seis discos de platina). Dois anos depois, em 2000, foi lançado o segundo álbum, Only Pain Is Real, vendendo aproximadamente 100.000 cópias. Em 2002, a banda terminou.

Em 2003, David Fonseca lançou o seu primeiro álbum a solo, Sing Me Something New (disco de ouro). O primeiro single deste disco foi Someone That Cannot Love que foi tocado em simultâneo em 150 estações de rádio portuguesas, à meia noite de 10 de Março desse mesmo ano. Dois anos após o primeiro álbum , em 2005, saiu o álbum Our Hearts Will Beat As One. Na primeira semana de vendas ganhou de imediato o estatuto de disco de ouro, e foi considerado melhor álbum Pop de 2005, em Portugal, mesmo antes do ano acabar. Em Outubro de 2007 com o álbum "Dreams In Colour" voltou a dar cartas na música nacional. Para além do single Superstars, inclui também uma versão de "Rocket man" de Elton John. Essa versão teve direito a um videoclipe gravado em take único e passado de trás para a frente. Foi editada uma edição especial e limitada, em digipack, com um "booklet" de 24 páginas com a reprodução de polaroids exclusivas da autoria de David Fonseca e um DVD extra David Fonseca Dreams In Loop Live, um registo ao vivo de algumas canções deste disco. Em Abril de 2008 encheu o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para dar um concerto repleto de animação, cor e luz que será lançado em DVD brevemente.

Em Janeiro de 2008, David Fonseca é eleito artista do mês na MTV.

Em Setembro de 2009, David Fonseca é nomeado para "Best Portuguese Act" nos Europe Music Awards. Contudo, perde para Xutos & Pontapés.

Em 2 de Novembro de 2009, David Fonseca lança o seu 4º álbum de originais "Between Waves", e em que este David toca na integra todos os instrumentos.

Syd Barrett - A Estrela que não queria ser famosa

















Roger Keith Barrett (Cambridge, 6 de Janeiro de 1946 — Cambridge, 7 de Julho de 2006), conhecido por Syd Barrett, foi um dos membros fundadores, em 1965, do grupo de rock progressivo Pink Floyd.

Originalmente era o vocalista, guitarrista e principal compositor da banda Pink Floyd, principalmente no seu primeiro álbum The piper at the gates of dawn (1967). Foi também o autor dos singles "See Emily Play" e "Arnold Layne", e ainda de dois álbuns a solo. Foi também um guitarrista inovador, um dos primeiros a explorar completamente as capacidades sonoras da distorção e especialmente da recém desenvolvida máquina de eco.

Embora a sua actividade na música pop tenha sido reduzida, a sua influência nos músicos dos anos 60 (e das gerações seguintes) especialmente nos Pink Floyd, foi profunda.

À medida que a popularidade dos Floyd aumentava, assim como o consumo de drogas psicotrópicas por parte de Syd (especialmente LSD), a sua apresentação nos concertos tornava-se mais e mais imprevisível e o seu comportamento geral um estorvo para o sucesso da banda. Os problemas vieram ao de cimo durante a primeira digressão do grupo pelos Estados Unidos no fim de 1967, Syd começou a ficar extremamente difícil e cada vez mais ausente; tendo essa ausência e o seu estranho comportamento começado a causar problemas ao grupo.

Numa ocasião famosa, no programa de televisão de Pat Boone, recusou-se a fingir que actuava, ficando parado, braços caídos ao longo do corpo e olhando fixamente para a câmara. Noutro incidente bem conhecido, diz-se que antes de entrar em palco Syd teria esmagado uma caixa inteira de tranquilizantes Mandrax, misturando-os com uma grande quantidade creme para o cabelo Brylcreem, depois pôs a mistura sobre a cabeça e colocou-se por debaixo dos projectores de palco; a mistura viscosa derreteu e começou a escorrer pela sua cara dando a aparência desta se estar a derreter. Outra história diz que Syd apareceu no estúdio apresentando aos colegas uma música nova chamada Have You Got It Yet. Conforme ele ia ensinando a canção ao grupo tornou-se óbvio que ele mudava os acordes cada vez que a tocava, tornando impossível a sua aprendizagem.

Tem-se afirmado que os seus problemas com a droga não teriam sido apenas da sua responsabilidade, que ele era regularmente 'doseado' (drogado sem seu conhecimento) por "amigos" que lhe davam LSD todos os dias, embora antigos amigos de Syd Barrett tenham desmentido este facto num artigo sobre Barrett publicado no The Observer em 2002.

Quaisquer que fossem as causas, o que é certo é que passados apenas dois anos da formação dos Pink Floyd, Barrett abandonou o grupo. Após ter gravado algumas partes do segundo álbum dos Pink Floyd, A saucerful of secrets em 1968 - incluindo Jugband Blues, que faz referências óbvias à sua crescente indiferença em relação à banda - Barrett foi dispensado do grupo.

A intenção original era de que Barrett continuasse a contribuir para a escrita e gravação, e como ele era o principal compositor, havia a esperança que ele desempenhasse um papel semelhante ao do líder dos Beach Boys, Brian Wilson, que apesar de ter deixado de actuar ao vivo, tinha continuado a compor para o grupo. Mas Syd cada vez contribuía menos e o seu comportamento era cada vez mais errático, de tal forma que os outros membros do grupo deixaram de convidá-lo para os concertos e sessões de gravação.

O grupo contratou um velho amigo de Cambridge, guitarrista, David Gilmour, para primeiro alargar a banda e depois substituir Syd nos concertos, mas depressa se tornou óbvio que Syd nunca mais voltaria. A transição foi fácil pelo facto de Gilmour ser capaz de ocupar o lugar de Syd (foi Gilmour quem ensinou Barrett a tocar guitarra) e que mesmo que ao seu estilo faltasse o experimentalismo atrevido pelo qual Syd era conhecido, era considerado um vocalista e compositor talentoso e um guitarrista dotado. Assim, Gilmour tornou-se um membro permanente da banda, com o baixista Roger Waters a tomar a liderança do grupo.

O declínio de Syd teve um profundo efeito na escrita de Gilmour e Waters, e o tema da doença mental e a sombra da desintegração de Syd penetrou nos três álbuns de maior sucesso dos Pink Floyd, The dark side of the moon, Wish you were here e The wall.

Syd foi-se retirando do mundo da música aos poucos, embora tivesse feito uma breve carreira a solo editando dois álbuns idiossincráticos mas bastante considerados The Madcap Laughs (1970) e Barrett (1971). A maior parte do material de ambos os álbuns terá sido escrito no seu período mais produtivo (fins de 1966 e princípio de 1967), acreditando-se que terá escrito muito pouco após ter deixado os Floyd.

O primeiro álbum apresenta fortes indícios do frágil estado de espírito de Syd, com faixas como "Dark globe" a mostrarem claramente que, apesar de ele ter bom material para trabalhar, era praticamente incapaz de participar em algumas sessões. O segundo álbum mostra um maior esforço em conseguir um acabamento mais polido. Em ambos os álbuns Syd trabalhou com o empresário dos Floyd, Peter Jenner, com Waters, Gilmour e com membros dos Soft Machine. Syd contribuiu também para a gravação do LP "Joy of a toy" de Kevin Ayers, embora a faixa em que ele tocou guitarra, "Religious Experience (singing a song in the morning)" não fosse comercializada até 2003.

Houve algumas sessões para um terceiro álbum que foram abortadas e que segundo se consta terminaram após Syd ter atacado um empregado do estúdio que lhe apresentou umas letras escritas a vermelho, e que Syd presumindo que se tratava de contas para pagar lhe teria mordido a mão[carece de fontes?]. Syd passou muitos dos anos seguintes a pintar, e as poucas telas que ele deu ou vendeu são hoje muito valiosas. Syd continuou a pintar e muitas vezes a ouvir música, estando entre os seus favoritos os Rolling Stones, Booker T. & The MGs e compositores clássicos, não tendo dado nenhuma atenção a uma compilação dos Pink Floyd que lhe foi oferecida.

Syd continuou a sofrer de doença mental, bem como de problemas físicos provocados por uma úlcera péptica; mais recentemente foi-lhe diagnosticado diabetes. Foi ocasionalmente hospitalizado, existindo muita especulação entre os seus fãs e a imprensa sobre as causas desses internamentos. De acordo com um artigo publicado em The Observer em 2002, Syd não tomava qualquer medicação e especula-se que poderia sofrer de uma forma severa do Síndrome de Asperger. Pese o facto de Syd não ter aparecido ou falado publicamente desde 1973, o tempo não diminuiu o interesse na sua vida e obra, nem o interesse da imprensa na sua história; jornalistas e fãs continuaram a deslocar-se a Cambridge à sua procura, invadindo a sua privacidade.

O álbum de 1975 "Wish you were here" foi um tributo a Syd Barrett (que diz-se ter aparecido de surpresa numa sessão de gravação, afirmando estar pronto para trabalhar outra vez); a faixa "Shine on you crazy diamond", que abre e fecha o álbum, fala sobre Syd Barrett, conforme é reconhecido por alguns membros dos Pink Floyd. A faixa " I know where Syd Barrett lives" de Television Personalities é outro tributo bem conhecido. Supostamente, Roger Waters, usou a partida de Barrett e a sua condição, como inspiração para o álbum The dark side of the moon, assim como, terá baseado o comportamento e personalidade de 'Pink', o principal personagem do filme The Wall, na vida real de Barrett.

Em 1988 a EMI editou "Opel", um álbum de material não editado de Barrett gravado em 1970. A EMI editou também "The best of Syd Barrett - Wouldn't you miss me?" no Reino Unido em 16 de Abril de 2001 e em 11 de Setembro do mesmo ano nos EUA.

Faleceu no dia 7 de Julho de 2006, em Cambridge, aos 60 anos de idade. As causas não foram confirmadas. Especula-se que tenha morrido por complicações relacionadas com a diabetes, enfermidade da qual sofria há anos, embora o jornal inglês The Guardian diga que a causa foi cancro. Apesar de seu funeral ter sido aguardado por inúmeros fãs, somente a família esteve presente na cerimónia.

História do álbum " Wish You Were Here " dos Pink Floyd

O discreto Nick Mason, afirmou em 2003, a propósito das comemorações dos 30 anos de "Dark Side of the Moon", que uma das razões para que a criação do disco tivesse corrido tão bem foi que todos os seus elementos tinham um objectivo em mente: serem ricos e famosos tal como todos os outros grupos que concorrem no universo musical. Foi um momento impar na vida dos Pink Floyd e que nunca mais se voltaria a repetir.Uma vez chegados ao "topo da montanha" o grupo viu-se numa encruzilhada de como dar continuidade ao "colosso" que com o passar dos anos se tornaria num dos maiores recordistas de vendas de sempre. O caminho apresentava-se sinuoso e seriamente perigoso.Uma das ideias mais desvairadas, mas apaixonadamente originais foi o projecto "Household Objects". O grupo propunha-se a gravar um álbum sem instrumentos convencionais e onde criaria sons a partir de objectos banais como facas, garfos, copos de vidro, paus, etc. Uma tarefa que rapidamente foi abandonada dada a sua complexidade construção musical. Todavia os efeitos dos copos seriam aproveitados para o início de uma nova composição: "Shine on You Crazy Diamond".O longo instrumental, belo mas triste encaixava na perfeição com as letras de Roger Waters, autor de todas as letras e cada vez mais a voz dominante no seio do grupo. O tema era inteiramente dedicado a Syd Barrett, esse fantasma ambulante que nunca tinha verdadeiramente largado o imaginário do grupo desde a sua saída em 1968."Remember When You Were Young...You Shone Like The Sun ?"A pergunta era feita directamente ao guitarrista lunático. Um grito quase desesperado para que Barrett voltasse á Terra...Mas o "Diamante Louco" imerso na sua esquizofrenia jamais "voltaria a brilhar como o sol".Num dos episódios mais estranhos da história do Rock, (conscientemente ou não) conta a lenda de que Syd chegou mesmo a assistir a gravação de "Shine On" perguntando casualmente a Gilmour se não precisavam de ajuda com as guitarras. Estava gordo, careca e falava muito pausadamente. Ao princípio ninguém o reconheceu excepto Roger Waters que o identificou pelo olhar e que não conseguiu conter as lágrimas."O fantasma" desapareceu tão rapidamente como apareceu. Nunca mais os membros dos Pink Floyd lhe voltaram a falar.Este encontro de Barrett fê-los reflectir sobre o caminho percorrido até então. O tema "Wish You Were Here" não é apenas sobre Syd mas sim sobre todos eles. Também os quatro Floyd gostavam que o "espírito da banda" (tão harmonioso nas gravações de "Dark Side") estivesse com eles. O Dinheiro, Fama, Poder, as Pressões Mundanas tinham acabado por os alienar da verdadeira essência dos Pink Floyd: música.As canções "Welcome to the Machine" e "Have a Cigar" centravam-se precisamente neste "caldeirão venenoso", no qual os Pink Floyd desesperadamente tentavam sair.E pode-se dizer que o conseguiram fazer da melhor maneira. A música criada em estúdios saiu-lhes cara mas era um esforço senão mais espectacular que "Dark Side".Editado no Outono 1975, "Wish You Were Here" acabou com as dúvidas. Foi número um nos dois lados do Atlântico e impôs definitivamente os Floyd como uma das grandes forças musicais do universo.

Historia de "Tears In Heaven" de Eric Clapton

Tomado pelo vício em álcool e cocaína, a pior tragédia que poderia acontecer na vida de Eric Clapton aconteceu, mas o artista encontrou nela uma inspiração para a vida e acabou por compor o seu maior sucesso musical.

Até ao nascimento de Conor, a agenda de Clapton era repleta de compromissos profissionais. Ele cumpria-os religiosamente, mas apresentava-se embriagado e sob o efeito de cocaína.
Clapton trabalhava muito, mas o seu maior trabalho era disfarçar a ressaca, um problema que tratava consumindo ainda mais álcool e drogas. Dormia duas ou três horas, e a sua nada saudável rotina diária repetia-se.
Conor nasceu na cidade de Paddington, Inglaterra, no dia 21 de Agosto de 1986, fruto de um relacionamento entre Clapton e a italiana Lori del Santo. Aquela rotina, literalmente intoxicada, começou a mudar neste momento.
Não era muito frequente o convívio entre pai e filho. Conor vivia em Itália, com a mãe, e Clapton era um músico cheio de compromissos a cumprir, por todas as partes do mundo. Porém, quando Clapton encontrava Conor, fazia questão de estar sóbrio.
A sua primeira preocupação, teve a ver com a imagem que seu filho teria do pai. Mais tarde, passou a tratar disso como um problema de saúde mesmo, porque Clapton queria ver o filho crescer e que pudesse conviver com ele mais tempo. Reflexo da história pessoal de Clapton, que não conheceu o seu pai biológico.
Clapton encontrava sempre Conor acompanhado pela mãe, e agia mais como um irmão mais velho do que, verdadeiramente, como um pai.
A 19 de março de 1991, pela primeira vez, os dois saíram juntos. Pai e filho foram ao circo, em Nova Iorque. Clapton conta que a experiência foi empolgante, perfeita, e que, finalmente, se sentiu pai de Conor. Ele queria mais momentos como aquele e chegou a exigir isso a Lori naquele mesmo dia.
Na manhã seguinte, Conor saltou de uma janela do prédio onde estava com a mãe e morreu após a queda de 53 andares.
Depois do funeral, Clapton encontrou uma carta escrita por Conor, na qual ele se dizia ansioso por encontrar o pai em Nova Iorque e terminava dizendo “eu amo-te”.
Perante uma tragédia destas, qualquer um de nós poderia esperar que Clapton regressasse ao uso abusivo de drogas. A primeira surpresa, por assim dizer, é que essa recaída não aconteceu. E, mais surpreendente ainda, é que ele passou a contar a história da morte do filho em clínicas de reabilitação para viciados em álcool, facto que encorajou muitas pessoas submetidas ao tratamento a deixarem definitivamente o vício.
O seu exemplo serviu para mostrar que, mesmo a perda de um filho, não era motivo para “mais um copo”, e Clapton percebeu que divulgá-lo seria a melhor maneira de honrar a memória de Conor.
Na maior tragédia da sua vida, Clapton encontrou inspiração para criar o maior sucesso da sua carreira, “Tears in Heaven”. Clapton, a partir de 2004 decidiu parar de tocá-la, porque é muito emocional para ser tocada em público. É uma das músicas mais pessoais de Clapton, mas para surpresa dele, a música tornou-se um hit universal. Ao contrário dos seus primeiros trabalhos, esta é uma das canções mais sensíveis e comoventes de Eric Clapton.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

António Variações, se fosse vivo, faria hoje 70 anos

António não percebia nada de música. Era um "compositor de assobio", como disse David Ferreira, da Valentim de Carvalho, a empresa que lhe gravou o primeiro álbum. "Quando me pediram para ouvir as primeiras cassetes falaram-me de um "António Cabeleireiro", "uma espécie de Frei Humano actualizado".
Se fosse vivo, António - que deixou cair no cartão de apresentação artística o nome de "António Cabeleireiro", para se apresentar ao Portugal do "Passeio dos Alegres" como António Variações - faria a 3 de Dezembro 70 anos. 
António foi, pois, um cabeleireiro que teve a coragem de se aproximar de Júlio Isidro quando o viu num salão da cabeleireira Isabel Queiroz do Vale. Mostrou-lhe uma cassete, que o apresentador ouviu e logo decidiu convidá-lo para o programa Passeio dos Alegres no domingo seguinte. Foi esse o arranque para uma "aparição" ("Aparição é mesmo o termo mais apropriado para nos referirmos à passagem de António Variações entre nós", diz Manuela Azevedo, que integrou o projecto Humanos) e uma carreira que foi "meteórica", de tão breve quanto influente. Não foi, porém, consensual, a receptividade que a música de António Variações teve na época.
"Excêntrico" e "exótico" são os epítetos mais comuns para referir a sua aparência visual e o seu estilo musical. E há também, quem, como Vítor Rua, ex-GNR e o primeiro guitarrista a acompanhar Variações no seu primeiro álbum, não se coíba agora de admitir que aquela música era, afinal "uma parolada do caneco". A verdade é que é difícil ficar indiferente ao legado deixado por António Variações.