domingo, 26 de abril de 2015

PAUL YOUNG...

Andar meia dúzia de anos na ribalta nos Anos 80 já era um grande feito, pelo que contam-se pelos dedos os artistas ou bandas com carreiras longas. Paul Young, em meados da década de 80, chegou a fazer parte da elite da pop britânica. Era mais ou menos um Cliff Richard da nova geração que fez bater o coração de muitas meninas.
Natural de Luton, Bedfordshire, destacou-se pela primeira vez como vocalista dos The Streetband no final dos Anos 70. Mais tarde vieram os Q-Tips, projecto vocacionado para a Soul Music que viria a servir de rampa de lançamento para a carreira a solo.
O primeiro álbum No Parlez foi uma grande revelação ao chegar a Nº1 do Top Britânico em meados de 83. Sem perder a indentidade Soul, Paul Young virou-se para sonoridades mais Pop a tocar a New Wave. A fórmula resultou na perfeição com três singles de grande sucesso, Wherever I Law My Hat (mais um Nº1), Come Back and Stay (Nº4) e Love of the Common People (Nº2). Ao contrário de muitos artistas e bandas britânicas que praticamente só foram conhecidos no seu país ou, quanto muito, no resto da Europa, a popularidade de Paul Young foi bem mais longe, especialmente nos Estados Unidos. Seguiu-se uma digressão mundial, a participação no projecto Band Aid e a actuação no Live Aid em 85.
Com um início de carreira bastante prometedor aguardava-se com expectativa o sempre difícil segundo álbum. Na primavera de 85 é finalmente editado The Secret of Association, depois de alguns problemas de saúde terem afectado a sua voz. Mas a espera valera a pena... o segundo álbum foi um digno sucessor de No Parlez. Apesar de ter permanecido menos de metade das semanas no Top Britânico, chegou também a Nº1. Singles como I´m Gonna Tear Your Playhouse Down (Nº9), Everything Must Change (Nº9), Everytime You Go Away (Nº4) e Tomb of Memories (Nº16) tornaram-se grandes êxitos. A popularidade de Paul Young estava, por esta altura, ao nível das principais estrelas da música britânica. Para além de Everytime You Go Away lembro-me particularmente de Tomb of Memories, cujo video passava frequentemente no Top Disco da RTP.
 
O facto da maior parte do repertório de Paul Young se basear em versões Soul e R&B, em nada afectou o seu reconhecimento enquanto intérprete de qualidade. Depois de alcançar o topo e se exceptuarmos o êxito de Senza Una Donna (dueto com Zucchero) que chegou ao 4º lugar do Top Britânico em 1991, a carreira entrava agora numa fase menos mediática, melhor sucedida em termos de álbuns do que singles. Between Two Fires (1986) e Other Voices (1990) chegaram ambos à 4ª posição, resultados relevantes quando comparados com os singles que não marcaram presença no Top 20. Apesar de boas canções, Wonderland e Some People não foram além de 24º e 56º lugares, respectivamente. Em 1991, From Time To Time - The Singles Collection entra directamente para Nº1, dos quatro inéditos destacam-se o já referido Senza Una Donna e Don`t Dream It`s Over, original dos Crowded House. Os álbuns que se seguem pautam-se pela discrição, com The Crossing (1993) a registar o melhor resultado no Top Britânico (um modesto 27º lugar) ao longo da década de 90. Melhor só mesmo o single Now I Know What Made Otis Blue, em 14º.
Como já foi referido os problemas relacionados com a voz marcaram a carreira de Paul Young, forçando-o a algumas paragens que, no entanto, não puseram em causa a qualidade enquanto artista. Aquando da deslocação a Portugal a fim de participar nos Globos de Ouro da SIC (há uns anos atrás), de facto, a voz não se encontrava nas melhores condições. Com maior ou menor exposição mediática podemos, com toda a justiça, considerar Paul Young um nome de relevo da Pop-Soul dos Anos 80. Para terminar, deixo-vos com o video de Come Back and Stay...

sábado, 25 de abril de 2015

HERÓIS DO MAR... Dos fracos não reza a história...

Os Heróis do Mar são a minha banda portuguesa de eleição dos anos 80, a par de António Variações. Primeiro os Faíscas, depois o Corpo Diplomático e finalmente os Heróis do Mar em 1980. Pedro Ayres Magalhães convida então António José de Almeida (baterista dos Tantra) e Rui Pregal da Cunha para um novo projecto. Para além de Pedro Ayres, transitavam do Corpo Diplomático Carlos Maria Trindade e Pedro Paulo Gonçalves. Uma curiosidade: quando o Corpo Diplomático abriu audições para um vocalista, um dos candidatos foi António Variações que chumbou. Sendo conhecido como cabeleireiro e não como músico os elementos da banda aproveitaram e pediram para Variações lhes fazer o corte de cabelo.
De volta à música… procurando fazer uma nova abordagem da música portuguesa, os Heróis do Mar foram acusados de nacionalistas e fascistas, quando volvidos poucos anos sobre a revolução dos cravos, falar sobre portugalidade era considerado assunto tabu. A estética complementava a música e ambas fundiam-se num corpo único, daí que não esteja longe da verdade considerar os Heróis do Mar como a primeira banda pop moderna portuguesa, seguindo os trilhos dos britânicos Spandau Ballet e Duran Duran.
No que respeita a discos, o primeiro single sai em Agosto de 81 “Saudade/Brava Dança dos Heróis “, ambos os temas a fazerem parte do LP de estreia “ Heróis do Mar “, também de 81.
Ainda sem garantias quanto ao sucesso comercial e com uma crítica adversa, os Heróis do Mar viviam tempos difíceis até que surgiu, em 82, o máxi-single “ O Amor “. De um momento para o outro tornaram-se a banda do momento. Os jovens portugueses podiam dançar nas discotecas ao som de um hit cantado na sua língua. O sucesso comercial estava assegurado mas a crítica acusava-os agora de vendidos ao mercado.
Ainda neste ano os Heróis do Mar rumam a Paris para fazerem a primeira parte do concerto dos Roxy Music.
No ano seguinte sai o segundo LP “ Mãe “ que se revela um flop, sem que nenhuma música se consiga impor. Ainda neste ano é editado o single “ Paixão “ que faz esquecer o fracasso do álbum anterior. A revista inglesa “ The Face “ considera os Heróis do Mar como o melhor grupo de Rock da Europa.
Em 1984 colaboram com António Variações como banda de suporte no seu segundo álbum “ Dar & Receber “. Esta parceria, idêntica à estabelecida entre aquele músico e os GNR no seu álbum de estreia “ Anjo da Guarda “, revelar-se-ia um enorme sucesso.
Ainda neste ano é lançado o mini-LP “ O Rapto “ de onde são retirados os temas “ Supersticioso “ e “ Só gosto de ti “. Apesar do sucesso, a banda estava longe do espírito dos primeiros tempos e mantinha-se mais por questões comerciais e com uma estética a fazer lembrar uma vulgar banda de Rock.
Em 1985 o single “ Alegria “, à semelhança de “ Paixão “, embora pior, é mais um tema fabricado para as pistas de dança. Partem depois para Macau com o objectivo de procurarem inspiração para o novo álbum e ficam por lá um mês. O seu regresso é marcado pela roptura com a Polygram e o álbum seguinte “ Macau “ de 86 já é gravado nos estúdios Valentim de Carvalho em Paço de Arcos.
Com este álbum os Heróis do Mar tentam recuperar alguma da essência que esteve na génese da banda. O sucesso comercial não foi uma prioridade embora o single “ Fado “ tivesse obtido um relativo sucesso. Em 1987 é editado o single “ O inventor “, revelando uns Heróis do Mar já muribundos.
Pedro Ayres Magalhães já não estava a tempo inteiro na banda e o tempo era dividido com o seu novo projecto “ Madredeus “. A banda mantinha-se mas os seus elementos passavam cada vez menos tempo juntos. O princípio do fim começou com a saída de António José de Almeida, que já não participou no álbum seguinte “ Heróis do Mar IV “ de 88, sendo substituído por uma caixa de ritmos. Deste álbum foi retirado o single “ Eu quero “, que apesar de delicioso no que respeita aos arranjos revelava uns Heróis do Mar sem alma. Em 1989 acabaria por ser editado mais um single “ Africana “, antes do fim inevitável em Outubro deste ano.
Quanto aos restantes membros, Pedro Paulo Gonçalves e Rui Pregal da Cunha fundaram os LX-90 (mais tarde Kick Out of The Jams) com uma sonoridade próxima da cena de “ Madhester “. Carlos Maria Trindade dedicou-se à produção e tem dois álbuns editados. Presentemente é teclista dos Madredeus, tendo substituído Rodrigo Leão. Pedro Paulo Gonçalves abriu um atelier de roupa com a mulher, em Londres e exploram o conceito de fazer roupa a partir de roupa. Já vestiram nomes conhecidos como David Bowie e os Blur.
A importância dos Heróis do Mar para a música portuguesa é muito maior do que a sua consistência enquanto banda. Os álbuns oscilaram muito, musicalmente e em termos de qualidade. Quando um álbum não resultava fazia-se um single para vender e esquecer o álbum anterior. Temas como “ O Inventor “ e “ Eu Quero “ por muito bonitos que soassem serviam apenas para mostrar ao mercado que a banda estava viva, quando isso não era verdade. Apesar da sua história ser em tudo idêntica à da típica e efémera banda Rock que tem um início difícil, conhece o sucesso, depois a sobrevivência e a manutenção das aparências e por fim o colapso, acabaram por deixar a sua marca num Portugal onde tudo estava por fazer. Até então a música não era encarada de forma profissional e os Heróis do Mar fizeram-no.
Como já referi não é injusto o rótulo de primeira banda pop moderna portuguesa uma vez que, os Heróis do Mar foram pioneiros na criação e exploração de uma imagem associada à música, definindo um padrão seguido mais tarde por outros músicos e que ainda se mantém válido. A música só por si não fazia sentido sem uma estética associada.
Com altos e baixos os Heróis do Mar deixaram-nos algumas das melhores pérolas que ficarão para sempre na história da música portuguesa. São temas intemporais que não deixam ninguém indiferente, para quem os acompanhou e para as gerações mais novas que apenas ouviram falar deles.
Para terminar recomendo que vejam o documentário, comprem a compilação e esperem pelo regresso dos Heróis do Mar, nem que seja para um único concerto. Dos fracos não reza a história…

Nik Kershaw e os seus " 15 minutos de fama "


Natural de Bristol, Nik Kershaw ficou conhecido do grande público com temas como “ Wouldn't It Be Good “ e “ I Won't Let the Sun Go Down on Me “ do álbum Human Racing de 83 e “ The Riddle “ do álbum homónimo de 84, temas que ainda hoje recordamos com saudade. Mas ultrapassar os “ 15 minutos de fama “ não está ao alcance de todos e a carreira de Nik Kershaw foi-se eclipsando, à semelhança de nomes como Limahl e Howard Jones. Este último chegou a ser uma espécie de rival amigo de Kershaw, realidade que entre nós não teve a mesma expressão do Reino Unido, já que a carreira de Howard Jones não teve o mesmo impacto em Portugal. Kershaw por seu lado adquiriu outra notoriedade, chegando a actuar no programa “ Roda dos Milhões “, apresentado por Jorge Gabriel e transmitido pela SIC nos anos 90. Mas era mais um Nik Kershaw a viver da glória do passado do que uma verdadeira estrela. Samantha Fox e Sigue Sigue Sputnik foram algumas das estrelas já sem brilho que também passaram pelo programa. Para terminar não poderia deixar de referir a passagem de Nik Kershaw pelo Live Aid em 85, talvez o ponto mais alto da sua carreira. Mas tal como Adam Ant, seria o princípio do fim. Daqui para a frente a carreira de ambos entrava em estado quase-vegetativo e de pouco ou nenhum reconhecimento. Deixo-vos com o video de " The Riddle ", vale a pena recordar...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Frankie Goes To Hollywood - " O futuro mais que passado... "

Na história do Rock existem dois tipos de artistas: os consagrados e os efémeros. Associamos aos primeiros longas e reconhecidas carreiras como por exemplo U2, Stones ou Bowie, entre outros. Já em relação aos segundos, é mais difícil encontramos projectos relevantes e influentes que se tenham mantido activos por um curto período de tempo. Mas também os há. Teremos de recuar quase 25 anos para encontrarmos, talvez, o melhor exemplo de como um projecto efémero abalou, social e musicalmente, a sociedade britânica. Estou a falar dos Frankie Goes To Hollywood.

Oriundos de Liverpool em 1980, começaram por denominar-se Hollycaust, estranho nome ou nem por isso, não fosse o vocalista chamar-se Holly Johnson. A mudança para Frankie Goes To Hollywood deu-se quando a banda retirou o nome de um cartaz promocional de um show de Frank Sinatra. Holly Johnson era o carismático front-man, secundado por Paul Rutherford (vocalista e teclados), Peter Gill (bateria e percurssão), Mark O`Toole (baixo) e Brian Nash (guitarra).
O percurso de Relax no top britânico foi inicialmente modesto (35º lugar), tendo apenas alcançado o Top 10 depois da estreia da banda no programa Top Of The Pops em Janeiro de 84. Mas o melhor estava ainda para vir quando a BBC censurou a música, considerando-a obscena pelo conteúdo sexualmente sugestivo. Foi a melhor publicidade que Relax podia ter tido, suportada por uma eficaz campanha promocional dirigida pelo jornalista musical Paul Morley, responsável pelas célebres T-shirts onde se podia ler “ Frankie Says… “ e “ Relax “. A polémica estava instalada e a sorte grande tinha saído aos Frankie Goes To Hollywood, com o single de estreia a atingir o Nº1 do top britânico a 28 de Janeiro de 1984.


Mas nem só de marketing viveu Relax. Era realmente uma grande música com um produtor à altura, o famosíssimo Trevor Horn (dos The Buggles, de Vídeo killed the radio star). A sonoridade era inovadora devido a uma nova abordagem da electrónica. Os próprios Duran Duran ficaram de tal forma surpreendidos com a electrónica da música, que chamaram-lhe “ parede electrónica “, a fazer lembrar a “ wall of sound “ de Spector. A sensação de se estar perante algo de novo e ao mesmo tempo polémico e provocante fez dos Frankie Goes To Hollywood um novo ícone, não apenas musical como também sexual e alvo da admiração da comunidade gay. De praticamente desconhecidos passaram a estrelas à escala mundial em poucos meses, protagonizando em 84 a vanguarda e o futuro do rock.
Para além de Relax, mais outros dois singles conseguiriam o feito de chegar a Nº1, Two tribes e The power of love. De uma assentada o álbum Welcome to the pleasuredome, que também chegou ao primeiro lugar da tabela de vendas britânica, tinha 3 singles em Nº1, mais um 2º lugar do single homónimo.
Com a fasquia elevada ao máximo, o já difícil segundo álbum para qualquer banda, seria ainda mais difícil para os Frankie Goes To Hollywood. Em 86 é editado Liverpool e os resultados ficam aquém das expectativas. O fracasso só não foi maior porque o álbum alcança o 5º lugar do top britânico e coloca o single Rage hard em Nº4. Mas perante o furacão que foi Welcome to pleasuredome, Liverpool fica a saber a pouco. No início de 87 a banda dá início à tournée de promoção do segundo álbum, que termina poucos meses depois, colocando um ponto final no projecto. A audiência dos Frankie Goes To Hollywood parecia ter-se eclipsado e tanto Holly Johnson como Paul Rutherford seguiram carreiras a solo.
Quanto maior a subida, mais rápida a queda e foi precisamente isto que aconteceu ao grupo que um dia simbolizou o futuro do rock. Daí o título deste artigo “ O futuro mais que passado… “.
Muitas vezes catalogados como banda “ One Hit Wonder “, penso que os Frankie Goes To Hollywood, pelo impacto social e musical que tiveram, estiveram uns passos à frente dos seus concorrentes directos (diga-se projectos de curto prazo), para justificar ficarem excluídos daquele estigmatizante cliché. Para a história ficam os números: só o single Relax pode orgulhar-se de ter vendido quase 2 milhões de cópias (apenas em solo britânico), mantendo-se ainda hoje como uma das músicas mais populares de todos os tempos. Fiquem com o video...

Pet Shop Boys e A-Ha frente a frente!


Em meados da década de 80, duas bandas distinguiram-se ao fazer pop comercial de qualidade: os ingleses Pet Shop Boys e os noruegueses a-ha. Ambas conseguiram fugir ao cliché europop, alicerce de muitas bandas de duvidosa qualidade, sustentado em grande parte pelo trio de produtores sueco Stock, Aitken e Waterman. Esta autêntica máquina de produzir música de plástico sabia o que fazia e a prova disso foi o início fulgurante da carreira de Kylie Minogue. Mas outros nomes ficariam igualmente conhecidos do grande público, como Rick Astley, Bananarama, Mel & Kim ou Dead or Alive. A sua música era de tal forma standardizada que parecia que apenas mudavam os músicos, mantendo-se sempre a mesma sonoridade.
Mas a prova de que a música pop pode ter qualidade e identidade, está nas duas bandas que protagonizam este post: Pet Shop Boys e a-ha. Os primeiros, naturais de Londres e formados pela dupla Neil Tennant e Christopher Lowe, seguiram uma sonoridade virada para as pistas de dança, enquanto que os a-ha, oriundos de Oslo e formados pelo trio Marten Harket, Pal Waaktaar e Magne Furuholmen, assimilaram influências mais próximas da synth-pop e da new wave. Sem os Pet Shop Boys jamais a pop dançável ganharia o respeito da crítica e sem os a-ha, dificilmente outra banda exploraria tão bem o videoclip, como o fizeram os Duran Duran na primeira metade da década de 80. A música pop tinha o futuro assegurado por mais uns anos.
O ano de 1985 marca então a estreia dos Pet Shop Boys e dos A-ha. Desde a sua fundação, em 81 e 82 respectivamente, teriam de esperar alguns anos até alcançarem o sucesso que aconteceria logo com os singles de estreia, West End Girls, que catapultou os Pet Shop Boys para a 1ª posição dos tops britânico e norte-americano e Take on Me que apenas perderia o 1º lugar do top britânico, ficando-se pela 2ª posição. Em matéria de álbuns, os a-ha saíram-se melhor, já que Hunting High and Low chegou a número 2 da tabela de vendas britânica, enquanto que Please dos Pet Shop Boys teve de se contentar com o 3º lugar. A explicação do sucesso no lado de lá do Atlântico deveu-se à sonoridade dance-pop de West End Girls, facilmente assimilável pela juventude norte-americana. Já em relação aos noruegueses, o êxito de Take on Me, justifica-se pelo excelente vídeo popularizado pela MTV. Realizado segundo uma técnica de animação denominada “ rotoscopia “, na qual cada quadro do vídeo filmado é posteriormente desenhado à mão para dar o efeito de desenho animado, viria a vencer seis categorias no MTV Vídeo Music Awards.
A carreira dos Pet Shop Boys foi muito regular nos anos seguintes, alcançando mais três primeiros lugares no top britânico com os singles It´s a sin, Always on my mind e Heart e uma primeira posição com o álbum Very em 93. Outros temas ficariam igualmente na memória de todos como Suburbia, What have o done to deserve this? e Domino dancing. Nos anos 90 a chama apagou-se um pouco, mas nem por isso deixaram de ser presença regular nos tops. Desde a versão do tema dos U2 Where he streets have no name, passando por Go West, outra versão, desta vez dos Village People, até Se a vida é, sem esquecer os mais recentes New York City Boy e Home and dry, penso que teremos Pet Shop Boys por mais uns bons anos.
O mesmo não se poderá dizer em relação aos A-ha. Apesar do sucesso igualmente constante ao longo da década de 80, com o single The sun always shine on tv a alcançar o 1º lugar do top britânico e do sucesso de temas como Hunting high and low, I`ve been losing you, Cry wolf e The living daylights, este último a fazer parte da banda sonora do filme 007 – Risco Imediato, os A-ha apenas alcançariam mais um Top10 em solo britânico com o single Stay on these roads em 88. Ainda neste ano e com alguma popularidade, não nos podemos esquecer de Touchy! e You are the one. O single Crying in the rain do álbum East of the Sun West of the Moon de 90 foi, talvez, o último grande êxito dos A-ha. A carreira do trio norueguês entrava agora numa fase menos mediática, à semelhança de outras bandas dos anos 80, embora com bons álbuns. O principal factor que terá contribuído para que a carreira dos Pet Shop Boys permanecesse mais activa terá sido a menor erosão da sonoridade dance-pop ao passar dos tempos. Neste aspecto os A-ha ficaram mais limitados e por isso menos adaptados, apesar da qualidade dos seus trabalhos até aos dias de hoje. O facto de serem oriundos de outro país, se bem que menos relevante, poderá ser outro factor a ter em conta.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

HUMAN LEAGUE


Naturais de Sheffield, formaram-se em 1977 e desde cedo seguiram uma linha electrónica experimentalista, tendo editado os álbuns Reproduction em 1979 e Travelogue em 1980, ambos com passagem discreta no Top Britânico. O single Empire State Human do 1º álbum é hoje a música mais representativa deste período, pese o modestíssimo 62º lugar.
Mas em 1981 tudo muda com a álbum Dare!. Considerado ainda hoje como um dos mais importantes e representativos álbuns de Synth Pop, quebrou em parte com o experimentalismo dos primeiros tempos imprimido pelo vocalista Phil Oakey, ao dar à música electrónica visibilidade mainstream. Os ritmos frios da electrónica analógica eram agora aquecidos com melodias e, também, com as vozes dos novos elementos Susanne Sulley e Joanne Catherall. Dare! é daqueles álbuns que transformam bandas praticamente desconhecidas em bandas de referência e, sem ele, os The Human League não seriam o que são hoje.
O single Don´t You Want Me chega ao 1º lugar das tabelas de vendas britânica e norte-americana tornando-se num mega-sucesso, a mesma posição alcançada por Dare! (Top Britânico) e temas como The Sound of the Crowd, Love Action e Open Your Heart tornam-se também grandes êxitos. Mas a pérola esquecida de Dare! aparece logo no início do álbum é dá pelo nome The Things That Dreams Are Made Of.
No ano seguinte é editado Love and Dancing, um álbum com versões instrumentais baseado nas músicas de Dare!, remisturadas e produzidas por Martin Rushent.
O sucesso de Dare! dava para tudo até para recuperar com sucesso um tema quase esquecido do 2º álbum Travelogue, Being Boiled. Em 83 é lançado o EP Fascination! com os singles Mirror Man e (Keep Feeling) Fascination, ambos a chegarem a nº 2 do Top Britânico.
Com Dare! a assumir-se, quase, como o disco de estreia, o álbum seguinte não teria vida fácil. O sempre difícil 2º álbum, neste caso, 4º de originais Hysteria de 84, desapontou bastante. As coisas não correram bem desde o início: dois produtores abandonaram o barco e temas como o rockeiro The Lebanon, Life on Your Own e Louise tornaram-se êxitos menores.
À margem dos The Human League, Phil Oakey parte parte para um novo projecto em parceria com o produtor Giorgio Moroder. Do álbum Philip Oakey & Giorgio Moroder de 85, há a destacar o famosíssimo Together in Electric Dreams, tema da banda sonora do filme Electric Drems, frequentemente tocado pelo grupo em concertos.
Em 1986 são recrutados os produtores R&B Jimmy Jam e Terry Lewis para o novo álbum Crash. Com uma sonoridade em sintonia com os novos ritmos de dança, Crash não se sai mal nos Estados Unidos, onde o singles Humam chega ao 1º lugar. Em Inglaterra o sucesso de Human é ligeiramente menor (8º lugar), mas os singles I Need Yout Loving e Love Is All That Matters ficam-se por posições bastante modestas.
Em 1990 os The Human League atravessam um período bastante incaracterístico, à semelhança de muitas bandas da sua geração que parecem não saber que rumo seguirem, fruto da mudança dos tempos. Em situação idêntica encontravam-se os Duran Duran.
Romantic?, considerado a par de Secrets como os álbuns mais podres da banda falha o Top 20 e o single Heart Like a Wheel não consegue melhor do que um 29º lugar. Pessoalmente gosto bastante da música Soundtrack to a Generation.
Teríamos de esperar quase cinco anos por novo disco até que é lançado Octopus. Com uns The Human League a recuperarem a sonoridade Synth Pop que lhes deu crédito, Octopus é o melhor álbum depois de Dare!. A banda recupera algum do fôlego perdido, obtendo resultados bastante satisfatórios. Quer o álbum quer o single de apresentação Tell Me When chegam ao 6º lugar. These Are the Days é uma boa música, mas é na terceira faixa que se encontra a pérola do álbum One Man in My Heart. Filling Up with Heaven fica-se por um modesto 36º lugar.
Por último temos Secrets, já no novo milénio. Depois de Octopus esperava-se mais mas, o mais recente trabalho da banda não teve argumentos para se impor tornando-se no álbum com pior desempenho de sempre nas tabelas de vendas. Um ligeiríssimo destaque para o single All I Ever Wanted e pouco mais. A ver vamos o que nos reserva o próximo álbum. Os The Human League podem dar-se ao luxo de viver do repertório passado e matéria-prima para concertos não falta, mas todos gostaríamos de os ver regressar aos discos com o espírito dos bons velhos tempos. Deixo-vos com o video de Open Your Heart.

terça-feira, 7 de abril de 2015

BILLIE HOLIDAY nasceu há 100 anos!

Faz hoje cem anos que Billie Holiday nasceu. Aquela que é por muitos considerada a melhor cantora de jazz de todos os tempos.
Billie Holiday deu à vida o melhor jazz que uma mulher cantou e a vida retribui-lhe com a mais amarga má sorte que alguém pode ter. A vida de Eleanora Fagan Gouth é um tratado sobre o infortúnio.
Filha de pais adolescentes, violada aos dez, mendigando por comida aos doze, prostituindo-se aos catorze, Eleanora interrompe o calvário existencial, aos quinze, quando um pianista lhe pergunta se não teria jeito para cantar.
Quando o crítico musical John Hammond reparou no seu talento perdido em bares noturnos, o mundo começou a conhecer uma voz maravilhosa que elevou a categoria do jazz.
Quem a ouvia rendia-se àquela voz rouca, profunda e sensual, onde escorriam palavras cheias de musicalidade e emoção. Os apreciadores de jazz pediam-lhe para emparceirar com os deuses do jazz porque ela pertencia à realeza. 
Já na condição de diva, cantou entre brancos numa América racista, atraiu Louis Armstrong e sobretudo Lester Young, com quem gravou mais de cinquenta canções. Nessa altura Eleanora já era a divina Billie Holiday, que cantava “Love Me or Leave Me”, “Strange Fruit”, “Blue Moon” ou uma curiosa “All of me”, cuja letra cito parcialmente:
Why not take all of me?
Can't you see?
I'm no good without you
Take my lips
I want to lose them
Take my arms
I'll never use them



Todavia, a vida continuou a ser indecente com Billie. Falhou casamentos e amores, encontrou a bebida e as drogas que a levaram à morte precoce que parecia ter escrito no código genético. Como uma qualquer canção de jazz, a sua vida foi um improviso, onde o talento sucumbiu à desgraça.
No tempo de Billie não havia HD e o som não era captado nas melhores condições, mesmo assim sabe bem ouvir um jazz interpretado por Billie Holiday, porque, como diria James Bound, os diamantes são eternos.