quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Há 25 anos, a guitarra que reabilitou o blues partiu

Stevie Ray Vaughan, 1954-1990.


Na manhã de 26 de Agosto de 1990, Stevie Ray Vaughan partilhou com a sua banda e crew um pesadelo que o assombrara na noite passada. Nesse pesadelo Vaughan via o seu próprio funeral e milhares de enlutados, confessando-se aterrorizado e, ao mesmo tempo, quase sereno. Os Double Trouble estavam no backstage de um par de concertos, em que foram a banda de abertura a Eric Clapton. Stevie Ray Vaughan, como sempre, liderou a banda no concerto no Alpine Valley Music Theatre, em East Troy, Wisconsin.

As condições meteorológicas nessa noite eram pouco favoráveis a voar, mas uma caravana de blues não pode parar. A meio de nevoeiro nocturno, os músicos subiram nos helicópteros que os transportariam para Chicago. O modelo Bell 206B JetRanger, prefixo N16933, da Omniflight Helicopters, transportaria Stevie Ray. Por volta da meia-noite e cinquenta (hora local), o helicóptero procurou levantar voo, guinou bruscamente para a esquerda e colidiu contra uma colina. Os destroços foram encontrados pela polícia por volta das 04h30. Foi pedido a Eric Clapton e Jimmie Vaughan que identificassem os corpos. Clapton identificou Bobby Brooks, Nigel Browne e Colin Smythe, o seu agente, segurança e assistente do tour manager, respectivamente.




Vaughan tinha 35 anos. A sua técnica ressuscitou o blues, deu-lhe um som mais agressivo, e mudou o som da guitarra eléctrica dentro do género. Com alma de bluesman, mas versatilidade enorme, Vaughan gravou com David Bowie, Zucchero, Stevie Wonder ou Dylan. Jimmie Vaughan identificou o seu irmão mais novo, vítima de múltiplas fracturas no crânio e lesões irreparáveis no coração. Jimmie, destroçado, identificou Stevie Ray às “Crossroads”.

sábado, 1 de agosto de 2015

1 de Agosto de 1981: “Uma Revolução chamada MTV”





































A ideia de um canal dedicado à música não era nova quando surgiu a MTV. De facto, pode considerar-se o "Sight of Sound" como a génese daquele canal musical, quando em 1977 a Warner Communications e a American Express, através da joint-venture Warner Amex Cable criaram o primeiro sistema de TV por cabo interactivo (QUBE).
Do pacote de canais comercializados encontrava-se o "Sight of Sound", que permitia aos telespectadores votarem nas canções e artistas preferidos. O sucesso foi tal que a Warner Cable Amex Cable decidiu abrir o canal a outros operadores de cabo com nome e formato novos (Videoclip).

Nascia então a MTV - Music Television.

O primeiro videoclip foi “Vídeo Killed the Radio Star”, dos The Buggles, escolha oportuníssima anunciando a entrada da indústria musical numa nova era.


A MTV nunca quis ser apenas um canal de música. Desde o seu aparecimento em Agosto de 1981 que cedo se afirmou como um canal que iria revolucionar a forma de comunicar em televisão, criando um novo espaço para a divulgação do, até então, menosprezado videoclip. Som e imagem eram agora um só.


Mas de sucesso comercial a fenómeno cultural vai um grande passo e a MTV teve o mérito de alcançá-lo, e porquê?

A emissão, quase ininterrupta, de música com destaque para os videoclips fez surgir um novo mercado anteriormente dominado pela rádio. Se até aqui bastava uma música passar na rádio para ser conhecida, a partir desta altura ela teria de ser vista na televisão. Mais importante do que ser-se ouvido era ser-se visto.

O videoclip passa a ser encarado como um importante meio promocional, sendo explorado profissional e comercialmente por uma nova geração de músicos cujas carreiras foram construídas para e à custa da MTV.


Na primeira metade da década de 80 uma banda interiorizou este espírito mais do que todas as outras: os Duran Duran. Michael Jackson e Madonna foram igualmente perspicazes na abordagem ao videoclip.


Durante cerca de vinte anos, foram estas as regras da promoção musical até ao aparecimento da Internet. A livre partilha de música e vídeos tem vindo aos poucos a pôr em causa este conceito. A televisão olha agora com desconfiança para uma Internet mais informal e adaptável à mudança.


Mas em 1981 era a MTV quem protagonizava a mudança: o conceito era novo, o “look” apelativo a até os apresentadores denominavam-se VJs (ou seja, DJs de vídeos).

A adesão dos jovens norte-americanos e, quatro anos mais tarde, dos europeus, a um canal que falava a sua linguagem foi imediata, o apelo era irresistível. Com o passar dos anos cada vez mais jovens em todo o mundo tinham acesso às emissões da MTV, com o surgimento de canais específicos para cada país ou dedicados a diversos géneros musicais (temáticos).

MTV Look: “ O estilo prevalece sobre o conteúdo e a técnica sobre o argumento “


O “MTV Look“ era de facto uma imagem de marca. Especialista na promoção da imagem de outros, a MTV sabia muito bem como promover a sua própria imagem.

Este conceito era de tal forma popular que houve quem o soubesse explorar da melhor maneira e aplicá-lo a uma série policial feita à medida da geração MTV. O resultado foi “Miami Vice“ (série de TV) e o autor da proeza Michael Mann, o mesmo de “Collateral”, “The Aviator” e “Miami Vice” (filme), entre outros.

Esta popular série policial protagonizada por Don Johnson e Philip Michael Thomas (transmitida entre 84 e 90), tornou-se na coqueluche das séries de TV ao captar na perfeição a atmosfera 80`s em todo o seu esplendor.

Nada foi deixado ao acaso: o estilo, o ritmo e um colorido muito próprio aliados à música do teclista Jan Hammer, materializaram-se num ambiente que se pretendia de “glamour” e sofisticação, plenamente conseguido.