segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Annie Lennox lança hoje “Nostalgia”...

Uma das mais bem-sucedidas artistas de pop de sempre está de volta com novo disco, que faz uma releitura de vários clássicos intemporais.
Billie Holiday, Nina Simone, Jo Stafford e Louis Armstrong são alguns dos nomes cujos temas foram interpretados por Annie Lennox para o sétimo álbum a solo daquela que foi a vocalista dos marcantes Eurythmics.
"Nostalgia" resulta das várias horas passadas por Lennox a ver e a ouvir gravações de nomes clássicos norte-americanos com raízes nos blues, para satisfazer a curiosidade da cantora. O resultado é a recriação de clássicos como "Summertime", "I Put a Spell on You" ou "Strange Fruit", para além de temas menos conhecidos como "Mood Indigo" e "September in the Rain".
O álbum conta com a participação de Mike Stevens e é um disco profundo que traz novas roupagens a canções que surgiram inicialmente numa época de lutas por direitos civis.
Annie Lennox, conhecida activista para além de artista pop, foi eleita pela Rolling Stone como uma das 100 maiores cantoras de todos os tempos. Lennox venceu mais Brit Awards que qualquer outra artista feminina ao longo dos tempos e já foi também distinguida com diversos prémios Grammy e, inclusive, com um Óscar para melhor canção.

domingo, 19 de outubro de 2014

Simon & Garfunkel. 50 anos de um par de ases.

Arriscaram primeiras canções anos antes, continuaram a fazer história juntos até 1970, mas foi a 19 de Outubro de 1964 que lançaram o primeiro álbum, "Wednesday Morning, 3 AM"

Estes dois fizeram o que todos os miúdos sonham em conseguir mas (quase) nunca conseguem: depois de amigos na escola, seguem pela adolescência adentro a escrever canções, gravam discos, conquistam público em doses raras de ver, atropelam-se um no outro e no sucesso, separam-se, reúnem-se, separam-se outra vez (repetir esta dinâmica sempre que necessário) e ficam na história ainda a tempo de a gozarem por eles próprios e de a relatar a quem os segue. Tudo graças a uma mão cheia de discos gravados entre 1964 e 1969, com ponto de partida na edição que se fez às lojas neste mesmo 19 de Outubro mas contando 50 anos para trás. "Wednesday Morning, 3 AM", o primeiro álbum da dupla Simon & Garfunkel, começou isto tudo. Não foi o que mais vendeu, nem sequer é feito apenas de canções originais, mas em pouco mais de meia hora - seis temas para cada lado do disco - já ameaçava, já dizia "cuidado que nada será como antes". Não foi.

Para Paul Simon e para Art Garfunkel (hoje com 73 e 72 anos), a história cantada começou antes. Garfunkel era o puto maravilha que cantava em concursos de talentos, na rua, na escola, onde calhasse. E depois havia Simon, entalado entre Elvis Presley e os Everly Brothers. O rock'n'roll e as harmonias vocais moldara-lhe as primeiras ideias criativas (tirando isso só havia tempo para o baseball). Os dois acabariam por juntar ideias e gravar primeiras canções ("The Girl For Me" ou "Hey Schoolgirl"), usaram nomes como Tom & Jerry e nunca viram reconhecimento chegar-lhes perto. Nada de mais. Era só preciso mais tempo, mais espaço (Paul Simon haveria de levar guitarra e canções até Londres, em busca de outros cenários) e mais inspiração - sobretudo vinda do revivalismo folk que Nova Iorque acolheu no início dos anos 60.

Em Março de 64, esta rapaziada entra no estúdio onde Tom Wilson mandava - Wilson, o mesmo que já tinha inscrito o nome em discos de Sun Ra ou Bob Dylan (e que haveria de trabalhar com revolucionários como Frank Zappa ou os Velvet Underground). A Columbia gosta do que por ali se passa e arrisca-se a editar um primeiro álbum para a dupla que ainda não tinha nome. Ficar-se-iam pelos apelidos, à falta de ideia melhor e para que existissem dúvidas sobre o que acontecia naquelas gravações: Simon & Garfunkel, dois tipos, duas vozes, uma guitarra. Tanto em disco como em palco, que os primeiros concertos depois da estreia nos álbuns faziam-se de duas horas em palco. Dizia quem viu que não fazia falta mais nada.

A "Wednesaday Morning, 3 AM" faltavam ainda detalhes que fizeram a diferença a partir de 66 (sobretudo com "Parsley, Sage, Rosemary and Thyme"). Ficou em disco o cruzamento possível entre as duas realidades maiores da musicalidade de Simon & Garfunkel, a relação possível entre as paixões que descobriram nos anos 50 e o novo encanto que a simplicidade folk lhes despertava. E, assim sendo, nem a identidade que haveriam de criar estava ainda no ponto nem a magnífica capacidade de Paul Simon enquanto compositor estava já refinada coisa que chegasse para um longa duração de génio, do princípio ao fim. Mas já lá estava o sentido harmónico impossível de repetir fosse por quem fosse, já lá estava "The Sounds of Silence" a explicar que dali não vinham só cartas de namoro cantadas. Haveria mais e melhor, até "Bridge Over Trouble Water", de 1970, o último disco, que serviu de despedida antes de se tornar um dos álbuns mais vendidos de sempre. Simon & Garfunkel passaram tempo a mais juntos, relações assim têm sempre um prazo de validade e com estes dois não foi diferente.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

JOHN LENNON

Há  setenta e quatroanos nascia em Liverpool o homem que viria a fazer história no mundo da música e a abandonar-nos de uma forma inesperada. Fica o mito. Fica a herança. Não foi por acaso que a Rolling Stone considerou em 2008 Lennon como o quinto melhor cantor de todos os tempos...

Foi pela mão da sua mãe que recebeu a primeira guitarra, ainda adolescente, e cedo formou a sua primeira banda com colegas de escola, os Quarrymen, corria o ano de 1956.Num curto período de tempo liderou vários grupos musicais, mas logo em 1960 foi baptizado aquele que ficaria como um marco do rock: The Beatles. 

    A formação definitiva da banda aconteceu em 1962, coincidindo com a gravação do primeiro disco Love me Do, acompanhando J. Lennon na aventura meteórica de uma década, os músicos Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison. Compositor e letrista, o jovem beatle veio a fazer, nessa qualidade e com Paul McCartney, uma dupla sem paralelo. Do Cavern Club de Liverpool, onde o empresário Brian Epstein viu os Beatles pela primeira vez em 1961, para o palco do mundo foi um passo.


Os anos 60: Vietname, Movimento hippie e Beatlemania


    A década de 60 era entretanto marcada pelo conflito no Vietnam, como o era pelo clima global de uma Guerra Fria sem solução à vista, pela luta das primeiras conquistas relevantes do espaço cósmico, e via crescer no seio da juventude o movimento hippie, relutante em relação aos valores da sociedade tradicional.

     A irreverência dos Beatles, do próprio Lennon em especial, não era de todo alheia a uma geração para quem a música constituía um dos grandes prazeres, e era um cimento que permitia falar uma linguagem comum. 

    John Lennon não evitava a polémica, como quando afirmou que “os Beatles seriam mais populares que Jesus Cristo”, ou quando devolveu a Medalha de Membro do Império Britânico que recebeu de Isabel II, como forma de protesto pelo envolvimento na Guerra do Vietnam e no conflito do Biafra.


Dos Beatles ao amor de Yoko 


    Depois da fundação dos Beatles, o acontecimento na vida de Lennon foi o encontro com Yoko Ono, que conheceu em 1966 numa galeria de arte londrina. Quando, dois anos depois, se assumiram na sua relação amorosa, Lennon divorciou-se da primeira mulher Cynthia Powell, de quem tivera o filho Julian, para se casar com Yoko em Gibraltar , corria o ano de 1969. 

    Eis que, em plena lua-de-mel, o casal é protagonista do evento bed in pela paz, em que deram uma conferência de imprensa no leito conjugal do Hilton de Amesterdão. Yoko Ono, conforme representa na vida de Lennon um papel importante, acaba por interferir na relação do músico com a sua banda, a que não será alheio o facto de o cantor iniciar uma carreira solo. O álbum Two Virgins, um disco polémico pela capa , em que ambos surgem nus,  prova o afastamento de Lennon em relação aos fab four.

    A ausência dos Beatles do Festival de Woodstock, onde estiveram presentes muitos dos nomes de referência da pop-rock, não deve ser ignorada. Terá como explicação a exigência de Lennon, perante a organização, de um lugar para a Plastic Ono Band, que não foi aceite. Mas a razão mais plausível terá sido a interdição, por parte da administração Nixon, da entrada de John Lennon nos Estados Unidos.

    Em 1970, depois de gravado Let it Be, Paul McCartney anunciou o fim dos Beatles. E logo no ano seguinte Lennon grava o seu hino à paz, Imagine,  e muda-se com Yoko para Nova Iorque. O casal Lennon e Yoko separa-se por pouco tempo em 1973, fase da vida do músico que inspira Mind Games. Em 1975 nasce o filho do casal, Sean, de quem Yoko engravidara à época da gravação do álbum Rock’n Roll. 

    John Lennon e Yoko Ono tinham gravado nesse ano Double Fantasy. A 8 de Dezembro de 1980, quando o ex-beatle regressava a casa, é abordado junto ao Central Park por um rapaz que, com quatro tiros, o faz despedir-se da vida da mesma forma inesperada como ele nela se lançara para o estrelato. 

    Algures, em algum tempo, John Lennon afirmou que “a vida é o que acontece, enquanto estamos ocupados a fazer outros planos”. Não estamos em crer que John Lennon tenha passado ao lado da vida. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

AMÁLIA RODRIGUES morreu há 15 anos...

Faz hoje precisamente quinze anos que morreu Amália Rodrigues, o expoente máximo do fado. Amália trouxe para o fado poemas de grandes autores portugueses. Com a sua belíssima voz, cantou a poesia de Camões, Bocage, Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill e outros. Sem a voz de Amália nunca alguns poemas se tornariam tão conhecidos e populares. Alguns escreveram propositadamente para Amália cantar, enriquecendo o seu repertório e dando à sua voz as palavras certas e delicadas que a música acabava por adornar e emoldurar. A parceria com o compositor Alain Oulman, que compunha e musicava muitos dos poemas  que Amália cantava foi sempre muito profícua.
Amália teve uma grande projeção internacional, levando o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo e por isso mesmo lhe atribuíram o epíteto de melhor embaixadora de Portugal no mundo. Foi uma mulher forte, corajosa, lutadora e que cantava a saudade com a saudade que realmente sentia, com alma, entrega e determinação. Levou longe a nossa língua e a nossa cultura.
Tornou-se um ícone do fado, ao usar sempre vestidos compridos pretos e xailes negros por cima. Esta imagem tornou-se uma imagem de marca das fadistas da época. Adoptou também uma nova postura no fado, ao interpretar as canções colocando-se em destaque, à frente dos guitarristas.
A casa onde viveu, na Rua de S. Bento, em Lisboa, está transformada em Casa-Museu e assim os seus visitantes podem conhecer o ambiente em que Amália viveu e apreciar os seus objetos pessoais, tais como vestidos, jóias, quadros e tapeçarias. Para além desta casa em Lisboa, Amália gostava muito do litoral alentejano e ali construiu uma casa com vista para o mar na aldeia do Brejão, onde descansava durante largas temporadas e após as suas extenuantes tournées pelo estrangeiro. Esta casa, projetada pelo arquiteto Conceição e Silva, na década de 60, está agora aberta ao público como casa de turismo rural.
O que é importante hoje, após os 15 anos da sua morte, é que a sua voz continua a ouvir-se nas inúmeras gravações discográficas que nos deixou. E se há uma canção nacional, a nossa, sem dúvida nenhuma, é o fado. Amália continua a ser uma referência para os fadistas da atualidade e não raras vezes ouvimos as canções que Amália cantou na voz de jovens e talentosos fadistas. Que se continue a ouvir Amália sempre.
Para audição, proponho "Povo que lavas no rio", poema de Pedro Homem de Mello e música de Joaquim Campos para a voz única de Amália.