domingo, 3 de dezembro de 2017

JIM DIAMOND (1951 - 2015)

Chamaram-lhe "a resposta escocesa a Ray Charles" pela forma ritmada de tocar piano e pelo estilo carregado de sentimento, próximo da soul, com que cantava, fosse sobre amores desavindos ou sobre a vida das classes trabalhadoras, a que pertenciam a mãe e o pai, uma costureira carinhosa e um bombeiro conhecido em Glasgow (onde James "Jim" Diamond nasceu a 28 de Setembro de 1951) por se levantar a meio das festas para cantar. A sua primeira influência musical foi ele - e o seu gosto pelas raízes celtas, que viria a marcar a própria ruptura de Jim Diamond com o êxito comercial quando, depois do mega-sucesso de I Should Have Known Better, em vez de gravar a pop que a editora queria, decidiu fazer um álbum de folk. 
Porém, foram os discos de soul que o irmão mais velho levava para casa que definiram o seu estilo. Em 2011, recordou esse tempo à revista Blues and Soul: "Ouvi pela primeira vez Sam Cooke na rádio e foi uma revelação. Também adorava Otis Redding e Ray Charles e lembro-me de pensar que não havia canção mais feliz que Mockingbird, de Inez e Charlie Foxx. Naturalmente, quando decidi ser cantor, escolhi o género que amava." 
Eram os anos 60 e Jim Diamond queria ser como os seus ídolos americanos, mas também como os tipos cool de Glasgow, que tocavam em bares e andavam de um lado para o outro montados em scooters. Aos 14 anos fundou a primeira banda, The Method, e aos 15 tornou-se vocalista dos Jade, que abrilhantavam festas universitárias e pubs. Não satisfeito, respondeu a um anúncio que pedia um cantor para os Gully Foyle, com os quais fez a primeira parte de alguns concertos dos Procol Harum, então estrelas do rock progressivo, e foi aí que Alexis Korner, considerado o fundador do blues britânico, deu por ele e o contratou. 
O blues não era, porém, a cena de Diamond, que em 1976 se virou para o rock com os Bandit (que integravam também Cliff Williams, mais tarde dos AC/DC), mas a banda não singrou por causa da concorrência do punk, então recém-nascido. Ele não se ficou e, no início dos anos 80, resolveu fundir a sua amada soul com a new wave da moda e teve o seu primeiro sucesso, com os Ph.D: I Won't Let You Down. Por azar (ou terá sido sorte?) apanhou hepatite quando a banda estava prestes a embarcar numa digressão mundial e ficou de cama. 
Reapareceu a solo, em 1984, com I Should Have Known Better, êxito estrondoso, como não voltou a ter - mas também não o desejava. Marido e pai extremoso (de Sara e Lawrence, que receberam os nomes dos seus próprios pais, cuja vida difícil lhe incutiu arreigada ideologia política de esquerda), preferiu a partir daí viver longe dos holofotes, dedicando-se a projectos humanitários e a ajudar jovens músicos, tanto no seu estúdio como no programa de rádio que teve e que deixou por causa da "ditadura da publicidade". 
"Todos os que o conheceram sabiam que ele não era um pai normal ou, sequer, uma pessoa normal", escreveu emocionado o filho (teclista dos Citizens!) no Facebook, em reacção à sua morte (enquanto dormia, na sua casa de Londres, aos 62 anos) na madrugada de sábado, 10 de Outubro de 2015.

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