domingo, 26 de agosto de 2018

"Hey Jude" faz hoje 50 anos...

É uma das mais conhecidas canções dos Beatles e uma das melhores composições de Paul McCartney. Esta é a sua história e como Lennon admitiu ser a melhor canção de Paul.
"Nahnahnahnahnahnahnahnahnah, hey Jude". Faz este domingo 50 anos que os Beatles lançaram Hey Jude, uma das suas canções mais reconhecíveis e um dos primeiros hinos de estádio da história.
Saída da cabeça de Paul McCartney – nesta altura já eram raras as composições que juntavam os esforços de John Lennon e Paul McCartney desde o início -, a canção serve inúmeros propósitos, desde canções no final de festas académicas, canções escolhidas em karaokes, viagens de carro e para acabar noites em discotecas onde o saudosismo é rei. Ah! E para ouvir apenas e simplesmente porque sim.
Mas olhemos para o carácter inovador de Hey Jude. Milhões de pessoas desde o século XIX conseguem trautear a melodia do quarto movimento da nona sinfonia de Beethoven (comummente apelidado de Hino da Alegria). Mas não serão assim tantos aqueles que sabem as palavras do poema cantado pelo coro de cor. E mesmo temas mais recentes como "We Are The Champions" ou "We Will Rock You" (ambos dos Queen) são mundialmente conhecidos e entoados em eventos que juntam milhares. Mas também não serão todos os que sabem de cor a letra destas canções. Os Beatles aliaram a simples melodia do Hey Jude com um factor diferenciador: os "nananananas". Esta sílaba facilmente pode ser repetida por pessoas do mundo inteiro, o que torna mais fácil entoar o tema dos Fab Four. Mas daí advém uma ironia. Embora seja provavelmente a mais fácil canção dos Beatles de entoar por milhares de fãs em uníssono, nunca foi tocada ao vivo. Composta em 1968, a canção foi editada nesse mesmo ano, já depois dos Beatles se terem retirado dos concertos ao vivo, alegadamente, por não se conseguirem ouvir a eles mesmos devido aos gritos dos fãs.

Composição a três
A canção "surgiu" a McCartney  como aconteceu com tantas outras dezenas. Uma melodia simples, com um tom luminoso. Acordes ao piano e a voz do músico para começar um tema que era dedicado ao filho de John Lennon, Julian Lennon. O pai tinha deixado Cynthia para se juntar a Yoko Ono e McCartney brincava muito com a criança.
Como lembra o jornal The Guardian, o facto de ir a conduzir obrigou McCartney a manter o tema simples, sem complicar demasiado a melodia, que acabaria por ficar, apesar do nome original da canção ter sofrido alterações: de Hey Jules para Hey Jude.
Embora já não compusessem juntos, Lennon e McCartney depositavam ainda um no outro a confiança para mostrar os temas. Se Lennon compunha algo, mostrava a Paul e vice-versa. E curiosidade, quando Hey Jude foi tocada pela primeira vez a Lennon, este terá afirmado de imediato: "É sobre mim!", ao que McCartney terá respondido: "Não, é sobre mim!". Afinal a canção já não era apenas para Julien.
Foi já depois de a canção ter passado pelo crivo de Lennon que foi mostrada aos restantes Beatles e, em vez de uma simples melodia ao piano passara a ser uma longa canção (com mais de sete minutos, um dos temas mais longos da carreira dos Beatles) com um crescendo instrumental e vocal, bateria e instrumentos musicais.
O produtor George Martin – o quinto Beatle por excelência – mostrou preocupações pela duração da canção, argumentando que os radialistas não a iriam passar até ao fim. "Passam se formos nós", respondeu Lennon. E estava certo, como provou a história.
Mas Martin não se iria calar e acabou mesmo por introduzir as suas ideias no tema: contratou uma orquestra e transformou uma canção "simples" num tema onde participaram mais de 40 pessoas (quatro Beatles e 36 membros de orquestra).
Será Hey Jude a melhor canção dos Beatles? É impossível afirmá-lo, numa banda que tem temas tão icónicos como Yesterday, In My Life, Tomorrow Never Knows ou Let it Be.
No Spotify, a canção mais ouvida da banda no dia 26 de Agosto de 2018 era Here Comes the Sun (tema de Harrison). O mesmo acontece no Apple Music. Mas a canção Hey Jude (duas vezes maior do que o tema de Harrison) aparece em quarto e quinto lugar, respectivamente, mostrando que é apreciada muito mais que QB. Já no YouTube, Here Comes the Sun soma mais de 14 milhões de visualizações no vídeo mais visto da gravação feita pela banda – a versão de Nina Simone tem 17 milhões -, enquanto Hey Jude tem mais de 119 milhões de visualizações.
Mas tomando como certa a opinião de um dos melhores compositores populares do século XX – John Lennon -, Hey Jude é a melhor canção de Paul McCartney. E isso não é dizer pouco.