segunda-feira, 18 de julho de 2016

Há 50 anos… no dia 18 de julho de 1966, os BEACH BOYS lançam single com “WOULDN’T IT BE NICE” e “GOD ONLY KNOWS”

Não é um single. É um super-hiper-mega-blaster single! No rock/pop, talvez seja comparável somente a “Penny Lane”/“Strawberry Fields Forever” ou a “Something”/“Come Together”. Ou, nem isso. Há cinco décadas atrás, os Beach Boys colocaram nas lojas dos EUA as duas melhores faixas da obra-prima chamada Pet Sounds, álbum lançado dois meses antes.
É quase impossível juntar palavras e construir um texto sobre estas duas esculturas sonoras, talhadas na perfeição por um Rodin da música, o génio Brian Wilson.
“Wouldn’t It Be Nice” é um divisor de águas fundamental na obra de Brian e da banda. Foi dele a ideia da letra, composta quase inteiramente por Tony Asher – com contribuição de Mike Love.
Wouldn’t it be nice if we were older – Não seria porreiro se fôssemos mais velhos? - diz o primeiro verso, anunciando a subversão completa e absoluta da lógica de exaltação da juventude e do amor juvenil, temática que fora a espinha dorsal das canções dos Beach Boys até então.
E segue nessa linha: casar, viver juntos, dormir e acordar lado a lado. Tudo isso, claro, com uma melodia sublime.
“…dois minutos de harpas límpidas, imitando os sentimentos adolescentes num tufão do amor, metais que rugem, pequenos sinos alegres, cascatas de cordas, harmonias tão complexas que parecem ter mais em comum com uma missa católica do que um salão de Doo-wop acappella – em resumo, uma ilha da fantasia de anseio musical mais requintado que o que se possa imaginar”, escreveu o jornalista britânico Nick Kent. Sem mais sobre o lado A.
Hora de “God Only Knows”… Ahhhhhhh, “God Only Knows”!
O que dizer sobre “God Only Knows”? O que escrever sobre a música que faz Paul McCartney chorar sempre e cada vez que a ouve?
“’God Only Knows’ é uma das poucas canções que me reduz às lágrimas cada vez que a ouço. É realmente apenas uma canção de amor, mas é brilhante. Mostra a genialidade de Brian. Eu toquei com ele e receio dizer que, durante a passagem de som, simplesmente desmoronei-me. Foi demais para mim estar lá, a cantar esta canção ao lado de Brian”, disse Macca, numa entrevista de 2007.
E quem não chora com “God Only Knows”, Sir Paul?
O que dizer sobre uma canção que remete a Johann Sebastian Bach, a Frédéric Chopin ou a George Frideric Handel?
“Eu amo ‘God Only Knows’ e o seu arco histórico com o barroco, que volta lá atrás, para 1740 e Johann Sebastian Bach. Ela representa toda a tradição da música litúrgica que eu sinto ser uma parte espiritual da música de Brian. E o canto de Carl é praticamente o seu auge – tão bom quanto poderia ser”, analisou o compositor americano Jimmy Webb.
O que dizer da letra? O que dizer sobre a melodia? A grande verdade é que há pouco a dizer ou escrever sobre “God Only Knows”. Há, sim (e muito), que se ouvir e se emocionar. Sempre.
“God Only Knows” é a prova da existência do Próprio. Ou, como disse Bono Vox a respeito do arranjo, por altura da indução de Brian Wilson ao Music Hall of Fame britânico, em 2006, ao menos “é a prova, de facto, da existência dos anjos”. Só Deus sabe o que seríamos de nós sem ela…

Obrigado, Brian Wilson. Obrigado, Beach Boys.

Em outubro daquele 1966, eles lançariam outra pérola, que ficaria de fora de Pet Sounds: “Good Vibrations”. Mas essa história fica para outro dia… Porque todos os dias são históricos.
Em tempo: a foto que ilustra o post é a capa do single britânico, que tinha as canções invertidas (“God Only Knows” no lado A, “Wouldn’t It Be Nice” no B).