quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Derek and the Dominos - Layla and Other Assorted Love Songs (publicado a 9 de novembro de 1970)

Se há álbum de amor, coração partido e respetivo carpir de mágoas, então, a escolher um, seria Layla and Other Assorted Love Songs sem pensar muito, se calhar nem duas vezes…

Layla, pseudónimo para Pattie Harrison, mulher do Beatle George, inspirou um disco composto na sua maioria por Eric Clapton, numa das piores fases da sua vida. Eric sempre fora um músico que não gostava de ficar parado. As suas incursões por várias bandas ao longo da sua carreira foram disso exemplo, senão vejamos: Yardbirds, John Mayall’s Bluesbreakers, Cream, Blind Faith e ainda a perninha na banda de Delaney & Bonnie. Todas estas participações fizeram que fosse considerado um dos melhores guitarristas da sua geração, no entanto, continuava a preferir esconder-se no meio de uma banda do que lançar-se às feras a solo.

Derek and the Dominos começa a germinar em meados de 1969 com o ruir dos Blind Faith, formado por Clapton, Steve Windwood, Ginger Baker e Ric Grech e com a ajuda dos novos amigos Delaney e Bonnie que contava com os músicos Bobby Whitlock, teclista, Carl Radle no baixo e o baterista Jim Gordon. A Clapton, Whitlock, Radle e Gordon associou-se o guitarrista dos Allman Brothers, Duane.

Delaney incentivou Clapton a começar a acreditar nele próprio e a cantar as suas próprias canções. O primeiro resultado saiu no Verão de 1970 com o disco homónimo, contando com uma grande colaboração de Delaney. No entanto, Eric ainda não se sentia confortável a solo pelo que voltou a pedir o “anonimato” e pedir ajuda.

Não sendo um disco quase a solo como muitas pessoas o referenciam, Layla and Other Assorted Love Songs é uma extensa carta de amor e dor de Clapton, em parceria com os restantes elementos da banda.

O disco é essencialmente marcado pelos blues. Algumas músicas mais melódicas: “Bell Bottom Blues”, “I Am Yours”, outras mais puro blues: “Nobody Knows You When You’re Down and Out”, “Have You Ever Loved a Woman?” e ainda outras mais rock: “Keep on Growing”, “Anyday”, “Why Does Love Got to be So Sad?”, mas nunca fugindo ao mesmo tom e tema do álbum.

A cereja em cima do bolo chega com a versão de “It’s Too Late” de Chuck Willis, tocada de forma tão emocional por parte de Clapton que é impossível ficar indiferente e Layla, o clímax do disco.

No entanto, é um disco/grupo que fica marcado por tragédias, abuso de drogas e desilusões, vindo a terminar ao fim de pouco tempo.

Durante as gravações do disco, Clapton ficou atordoado com a morte do seu “rival” Jimi Hendrix, decidindo incluir a versão de “Little Wing” que tinham gravado uns dias antes, acabando por tornar-se numa das melhores músicas do disco.

Após alguns concertos pelos EUA recheados de drogas e álcool, a banda preparava-se para a sua primeira tour a sério, quando mais uma tragédia se abateu. Duane Allman morre num acidente de moto. A estas tragédias juntou-se o facto de o álbum não ter sido um êxito. Clapton levou este facto a peito e decidiu que estava na altura de se assumir, sair da zona segura escondido atrás de bandas. Derek sempre fora Eric Clapton e Layla era Pattie Harrison.

Nunca chegou a haver segundo disco, a banda simplesmente dissolveu-se entre sessões de gravação. Carl Radle viria a falecer em 1980 devido a problemas no fígado, potenciados pelo abuso de drogas e álcool.

Jim Gordon, sofredor de esquizofrenia não diagnosticada matou a sua mãe com um martelo em 1983, vindo, no ano seguinte, a ser internado numa instituição mental onde ainda hoje permanece.

Bobby Whitlock lançou, pouco tempo depois do fim da banda, um álbum a solo com algum sucesso e tem tido uma carreira decente.

Clapton, esse, viria a tornar-se num recluso, entregue às drogas e, ainda, sem Pattie (viria a conquistar o seu amor apenas em 1974, escrevendo “Wonderful Tonight”, anos mais tarde, em sua autoria), apenas aparecendo, ainda que uma sombra de si próprio, durante o concerto para Bangladesh, organizado por Harrison e no Rainbow Concert, organizado por Pete Townshend para ajudar Clapton a reconstruir a sua vida.

Anos mais tarde, a história viria a dar valor e a colocar Layla and Other Assorted Love Songs num pedestal como um dos discos mais importantes da história da música.


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