Pouco antes da consagração via Live Aid, em 1985, já me eram familiares muitas canções dos U2: "Fire", "October", "Seconds", "Bad" ou "Pride". O som dos irlandeses era sólido, arrojado e as letras denotavam empenhamento político e social. No entanto, faltava-me descobrir o quarteto no formato live. A revelação aconteceu em 1984 ao sabor das oito canções que compunham "Under A Blood Red Sky". O material incluído no disco consistia em actuações na Alemanha e nos Estados Unidos da América, durante a digressão de 1983. E era a prova provada do encantamento que os U2 destilavam no público. Em termos instrumentais significava a consagração de The Edge e da sua manipulação brilhante dos trastes da guitarra através de solos memoráveis. Por seu turno, o baixista Adam Clayton mostrava elasticidade, versatilidade e Bono era o mestre de cerimónias perfeito na arte de cantar e transportar as plateias. Com "Gloria" operava-se a transformação numa boa faixa de rock e "New Year´s Day" claramente ultrapassava a versão de estúdio. Mas, "I Will Follow" é merecedora de uma nota de destaque com a "boa agitação" da guitarra de The Edge e "40" constitui-se como a elegia doce-amarga de que não se consegue escapar. O grande momento do álbum acaba por ser "Sunday Bloody Sunday" com a sua estridência e síntese de sentimentos religiosos e políticos, animada por um riff memorável e uma vocalização certeira. Depois de "Under A Blood Red Sky" os U2 embarcaram numa aventura que lhes trouxe grandes discos de originais, particularmente "Achtung Baby", estádios cheios e reconhecimento global. Ainda assim, o tempo não apaga quarenta e poucos minutos de encantamento, descoberta e magia.
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