A ideia de um canal dedicado à música não era nova quando
surgiu a MTV. De facto, pode considerar-se o "Sight of Sound" como a
génese daquele canal musical, quando em 1977 a Warner Communications e a
American Express, através da joint-venture Warner Amex Cable criaram o primeiro
sistema de TV por cabo interactivo (QUBE).
Do pacote de canais comercializados encontrava-se o
"Sight of Sound", que permitia aos telespectadores votarem nas
canções e artistas preferidos. O sucesso foi tal que a Warner Cable Amex Cable
decidiu abrir o canal a outros operadores de cabo com nome e formato novos
(Videoclip).
Nascia então a MTV - Music Television.
O primeiro videoclip foi “Vídeo Killed the
Radio Star”, dos The Buggles, escolha oportuníssima anunciando a entrada da
indústria musical numa nova era.
A MTV nunca quis ser apenas um canal de música. Desde o seu
aparecimento em Agosto de 1981 que cedo se afirmou como um canal que iria
revolucionar a forma de comunicar em televisão, criando um novo espaço para a
divulgação do, até então, menosprezado videoclip. Som e imagem eram agora um
só.
Mas de sucesso comercial a fenómeno cultural vai um grande passo e a MTV
teve o mérito de alcançá-lo, e porquê?
A emissão, quase ininterrupta, de música com destaque para os videoclips fez
surgir um novo mercado anteriormente dominado pela rádio. Se até aqui bastava
uma música passar na rádio para ser conhecida, a partir desta altura ela teria
de ser vista na televisão. Mais importante do que ser-se ouvido era ser-se
visto.
O videoclip passa a ser encarado como um importante meio
promocional, sendo explorado profissional e comercialmente por uma nova geração
de músicos cujas carreiras foram construídas para e à custa da MTV.
Na primeira metade da década de 80 uma banda interiorizou este espírito mais do
que todas as outras: os Duran Duran. Michael Jackson e Madonna foram igualmente
perspicazes na abordagem ao videoclip.
Durante cerca de vinte anos, foram estas as regras da promoção musical até ao
aparecimento da Internet. A livre partilha de música e vídeos tem vindo aos
poucos a pôr em causa este conceito. A televisão olha agora com desconfiança
para uma Internet mais informal e adaptável à mudança.
Mas em 1981 era a MTV quem protagonizava a mudança: o conceito era novo, o
“look” apelativo a até os apresentadores denominavam-se VJs (ou seja, DJs de
vídeos).
A adesão dos jovens norte-americanos e, quatro anos mais
tarde, dos europeus, a um canal que falava a sua linguagem foi imediata, o
apelo era irresistível. Com o passar dos anos cada vez mais jovens em todo o
mundo tinham acesso às emissões da MTV, com o surgimento de canais específicos
para cada país ou dedicados a diversos géneros musicais (temáticos).
MTV Look: “ O estilo prevalece sobre o conteúdo e a técnica sobre o
argumento “
O “MTV Look“ era de facto uma imagem de marca. Especialista na promoção da
imagem de outros, a MTV sabia muito bem como promover a sua própria imagem.
Este conceito era de tal forma popular que houve quem o
soubesse explorar da melhor maneira e aplicá-lo a uma série policial feita à
medida da geração MTV. O resultado foi “Miami Vice“ (série de TV) e o autor da
proeza Michael Mann, o mesmo de “Collateral”, “The Aviator” e “Miami Vice”
(filme), entre outros.
Esta popular série policial protagonizada por Don
Johnson e Philip Michael Thomas (transmitida entre 84 e 90), tornou-se na
coqueluche das séries de TV ao captar na perfeição a atmosfera 80`s em todo o
seu esplendor.
Nada foi deixado ao acaso: o estilo, o ritmo e um colorido
muito próprio aliados à música do teclista Jan Hammer, materializaram-se num
ambiente que se pretendia de “glamour” e sofisticação, plenamente conseguido.
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