Rick Wakeman uma vez disse: “Quando gravamos esse álbum, os que já gostavam passaram a gostar mais…os restantes passaram a ter-nos um ódio de morte…” Uma frase que rotula perfeitamente a música dos Yes em particular, e o rock progressivo em geral. Quem detesta grandes demonstrações de virtuosismo e não suporta ouvir a voz angélica de Jon Anderson, sem ter no mínimo um ataque epiléptico…pode parar de ler por aqui. Os outros façam o favor de nos acompanhar até 1972, aos Advision Studios em Londres, onde cinco músicos de alto gabarito compunham um dos álbuns mais aventureiros da história do rock.
Jon Anderson, Steve Howe; Chris Squire; Rick Wakeman e Bill Bruford constituíam em 1972 a par dos Emerson Lake & Palmer; King Crimson e Genesis um dos maiores super-grupos do chamado Rock Sinfónico.
O disco abre com “Close to the Edge” uma suíte de quase 20 minutos, dividida em 4 movimentos. O som de pássaros misturado com uma poderosa entrada “jazz-rock” de bateria, baixo e guitarra dão “A Solid Time of Change” (1º movimento) uma das intros mais estranhas e poderosas de sempre. É sobre esta divagação multi-instrumental que Jon Anderson começa a cantar aos 5 minutos, no segundo movimento em “Total Mass Retain”. Somos imediatamente transportados para um universo para lá da via láctea, com letras inspiradas em povos e planetas já desaparecidos. A toada mantém-se num crescendo até “I Get Up, I Get Down”. Aqui descobrimos pela primeira vez um Wakeman inspiradíssimo que compõe uma sinfonia espacial em órgão de igreja acompanhado de um dos instrumentos que mais caracterizam o rock da época, o sintetizador Moog. O tema ganha uma proporção quase dramática interrompida subitamente pela secção rítmica de Bruford e Squire que nos introduz a última parte: “Seasons of a Man”. Os Yes voltam à carga com toda a força aproximando-se um pouco dos ambientes mais tarde criados pelos seus discípulos Dream Theater.
Em linguagem “viniliana“ acabava o lado A e começava o Lado B com “And You And I”. O grupo introduz-nos nas suas raízes folk, revelando-nos um Steve Howe bastante hábil nos temas acústicos que marcariam com sucesso o resto da carreira da banda. O tema evolui espantosamente para uma sinfonia que faz pensar o que seria se Stravinsky tivesse vivido dentro da cultura Hippie.
Em “Siberean Khatru” (último tema do disco) o grupo revela um lado mais bluesy e rockeiro com alguns ecos à moda de Jimi Hendrix. Menção honrosa aqui mais uma vez a Rick Wakeman, que consegue por o povo a “rock n rollar” ao som de um cravo do Séc. XVIII. Já não se fazem discos assim…
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