Pink Floyd é
sinónimo de qualidade, de distinção, de megalomania, de inovação e de
originalidade.
Numa palavra eu diria
únicos. Será sempre um risco elaborar tabelas qualitativas pois serão
eternamente subjectivas, mas se me perguntassem qual a melhor banda de todos os
tempos eu responderia o seu nome.
A sua impressionante discografia e invejável carreira ditam isso mesmo. Os
números não mentem. Este é simplesmente o 2º álbum mais vendido da história,
apenas ultrapassado pelo recordista de vendas, Thriller do rei da pop.
Mais impressionante (se
isso é possível) é o facto de este ter permanecido nos «charts» qualquer coisa
como 741 semanas. Desde 1973 a 1988! Resultado? Uns impressionantes 45 000 000 de discos vendidos!
Dos estúdios de Abbey Road, eternamente ligados ao quarteto fantástico de Liverpool,
os Beatles, saiu este pico na história dos Pink Floyd de David Guilmor, Roger
Waters, Rick Wright e Nick Mason. Posterior ao muito progressivo Meddle, que explorou caminhos ainda hoje algo
confusos mas eternamente fascinantes, Roger Waters sentiu que algo devia mudar.
As palavras tinham de chegar às pessoas de uma forma mais directa.
«Speak to Me» é uma espécie de introdução ao álbum passando, através de
pormenores e efeitos sonoros, por certos pontos do álbum. O toque psicadélico e
progressivo é facilmente perceptível logo à primeira audição. O efeito transe é
resultado da mestria demonstrada pelo falecido Rick Wright nas teclas e no uso
divinal que os Pink Floyd deram aos sintetizadores. Provando que a música não tem barreiras, e que a sua mensagem vai para além do
empreendedorismo hippie, atravessando momentos de autêntica Filosofia, este
tema, com duas frases apenas anuncia uma epopeia de outro Universo.
«I've
been mad for fucking years, absolutely years. I've been over the edge of yonks.
Been working me buns off, 'till i went crazy...
I've always been mad, I know I've been mad, like the most of us are. It's very
hard to explain why you're mad, even if you're not mad.»
Dá-se o primeiro suspiro e entra-se na nova
dimensão. Na dimensão do abstracto mundo dos Pink Floyd.
O uso da slide guitar envolve-nos de forma a cair num mundo de dormência
total... o cérebro é bombardeado por sons e efeitos que estes criam na sua
audição. O background psicadélico deu lugar a um sentimento algo budista. Chegamos
ao Nirvana! Muito rapidamente esse sentimento muda ao som do compasso apressado de «On the
Run». Esquizofrénico no mínimo, é como se pode descrever este tema ,que poderia
ser incluído num filme de Stanley Kubrick.
Mais uma vez os
efeitos sonoros criam uma envolvência total dentro do álbum. The Dark Side
of the Moon é uma novela abstracta que não se escuta mas que se vive, que se
sente. Os compassos e os tempos não são habituais, mas nada nestes senhores é
simplesmente «habitual» ou comum. Ao longe ouvem-se os ponteiros do relógio...
«Time» apresenta um grande momento de criatividade de David Guilmor na sua famosa Fender. Sem medo atira-se para um dos melhores solos do álbum. A sequência introdutória é simplesmente um golpe de génio. O alarme fora activado: abram os olhos para a vida!
«And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun»
A mensagem nunca fora tão directa em toda a sua carreira. As palavras de Roger Waters caem na perfeição no mundo apoteótico de sintetizadores e de efeitos nunca antes assimilados pelo público geral.
«The Great Gig in the Sky» é um privilégio à audição. Simplesmente maravilhoso
do princípio ao fim. Um dos mais conseguidos da banda em toda a sua incrível carreira.
Ao som de moedas a cair, de slot-machines tipicamente relacionadas com os casinos e uma referência à sociedade de consumo, «Money» é o abrir de muitas portas no caminho ao mega-sucesso dentro do rock mainstream. A sequência da guitarra ritmo é viciante, o delay e o efeito ressonância é incrível, dando um tom muito mais jazzy e rítmico. O compasso é algo invulgar, uma sequência de 7/4. Numa onda mais Blues e menos psicadélica, este tema é incontornável na escadaria do sucesso dos Pink Floyd.
«Us and Them». O momento
mais introspectivo do álbum. É suave e melancólico e prime pela harmonia de
sons e de ecos vocais de David Guilmor. «...we're all ordinary man» resume-se
nas suas palavras. É o momento mais prolongado do álbum, mantendo uma estrutura estável com picos
pelo meio de onde se destacam os back vocals que criam grande parte do ambiente
para o qual os Pink Floyd nos tentam enviar.
«Any Colour You Want» é uma das metáforas apresentadas, desta vez sem o contributo de Roger Waters, habitualmente digno dos créditos da banda. Uma contribuição que quase se poderia dizer que seria Guitarra vs Sintetizador, mas a conjugação é perfeita. Repare-se num fade-out a relembrar «Breath»...
«Brain Damage» volta a brincar com os ecos de fundo, num registo mais profundo ao qual parece haver algumas referências ao falecido companheiro Syd Barret, o possível "Lunatic". Este tema que dá nome ao álbum ( " see you on the dark side of the moon") é das primeiras provas da capacidade vocal de Rogers Waters, que mais tarde iria levar a cabo o histórico concerto em Berlim em 90 num pós-queda do muro.
«Eclipse» dá seguimento à composição chegando à recta final. Ao fim da audição de Dark Side of the Moon sente-se que se emoldurassem estes temas, teríamos um Museu Guggenheim na cabeça. The Dark Side of the Moon é um pedaço de arte, de história e de simples magia.
2- Breath
3- On the Run
4- Time
5- The Great Gig in the Sky
6- Money
7- Us and Them
8- Any Colour You Want
9- Brain Damage
10-Eclipse
As origens e o
contexto da obra-prima
O álbum começou numa
reunião onde o grupo discutia que precisava de novo material para apresentar ao
vivo. Waters teve a ideia de escrever um álbum conceptual que lidasse com o que
“fizesse as pessoas se sentirem revoltadas”. Ora em 1972 estamos num ano em que
na Inglaterra, a confiança dos jovens se estatelava no chão, com o quebrar dos
sonhos de construir um novo mundo, provenientes da cultura hippie, que ia
desaparecendo.
No entanto, a cultura dos
“ácidos” permanecia viva, a guerra do Vietname continuava sem fim à vista,
assim como a Guerra Fria, inflação, desemprego, violência racial, ou seja, um
contexto conturbado que influenciou as ideias transparentes neste álbum.
Para o sucesso desta
“masterpiece” contribuiu a produção levada a cabo por Alan Parsons e as
linhas melódicas simples, suportadas pelos blues característicos do grupo. Não
esquecer o excelente trabalho de design com a capa, concebida pelos Hipgnosis
(grupo britânico de design artístico que se especializou em desenhar e criar
capas de álbuns para as bandas de rock da altura) percebe-se assim, o porquê de
este trabalho ter atraído tantas pessoas.
Há quem diga que também
está ligado a Dark Side Of The Moon um poderoso símbolo, que marca a própria
época que se vivia. A sua influência musical no rock é enorme, sendo dos álbuns
mais citados como influência por parte de jovens músicos, sendo também visto
como presença obrigatória nas prateleiras de audiófilos.
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