No final dos anos 70, entre o ocaso do Quarteto 1111, participações no Festival da Canção e temas de cariz popular como 'A Anita Não é Bonita', José Cid - um dos pioneiros do rock em Portugal - juntou três músicos amigos na sua quinta em Mogofores e com eles criou o que, em 1978, a mesma Orfeu de José Afonso ou Fausto lançou, sem grande aparato, para o mercado: "10 Mil Anos Depois Entre Vénus e Marte", álbum inscrito na tradição do rock sinfónico ou progressivo dos Yes ou King Crimson, e gravado por uma formação que junta Cid a Zé Nabo (guitarra), Ramón Galarza (bateria) e Mike Sergeant (guitarra, apenas num tema), conta uma história: explode a III Guerra Mundial e uma cidade, que simboliza todo o planeta, está prestes a ficar submersa; um homem e uma mulher, cosmonautas, conseguem fugir através do espaço, conhecem novas civilizações e regressam dez mil anos depois à Terra para começar tudo outra vez.
"10 Mil Anos Entre Vénus e Marte" , lançado num período de crescente implantação punk, passou despercebido à época, mas foi redescoberto em 1994 por uma editora norte-americana, a Art Sublime, que o reeditou. Desde então, a reavaliação deste disco 'alienígena' na discografia de um músico que, no eclodir dos anos 80, persistiria na veia popular e ligeira, tem sido constante. A edição original, em vinil, está bem cotada nos meandros do coleccionismo, o álbum surge bem colocado em listas internacionais de indefetíveis do estilo e há bandas novas, como os Capitão Fausto, que o apontam como imprescindível.
Para Cid, "10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte" não é o seu apogeu num género que considera "mais ousado do que a música que se ouvia na altura".
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