Na história do Rock existem dois tipos de artistas: os
consagrados e os efémeros. Associamos aos primeiros longas e reconhecidas
carreiras como por exemplo U2, Stones ou Bowie, entre outros. Já em relação aos
segundos, é mais difícil encontramos projectos relevantes e influentes que se
tenham mantido activos por um curto período de tempo. Mas também os há. Teremos
de recuar quase 25 anos para encontrarmos, talvez, o melhor exemplo de como um
projecto efémero abalou, social e musicalmente, a sociedade britânica. Estou a
falar dos Frankie Goes To Hollywood.
Oriundos de Liverpool em 1980, começaram por denominar-se
Hollycaust, estranho nome ou nem por isso, não fosse o vocalista chamar-se
Holly Johnson. A mudança para Frankie Goes To Hollywood deu-se quando a banda
retirou o nome de um cartaz promocional de um show de Frank Sinatra. Holly
Johnson era o carismático front-man, secundado por Paul Rutherford (vocalista e
teclados), Peter Gill (bateria e percurssão), Mark O`Toole (baixo) e Brian Nash
(guitarra).
O percurso de Relax no top britânico foi inicialmente modesto
(35º lugar), tendo apenas alcançado o Top 10 depois da estreia da banda no
programa Top Of The Pops em Janeiro de 84. Mas o melhor estava ainda para vir
quando a BBC censurou a música, considerando-a obscena pelo conteúdo
sexualmente sugestivo. Foi a melhor publicidade que Relax podia
ter tido, suportada por uma eficaz campanha promocional dirigida pelo
jornalista musical Paul Morley, responsável pelas célebres T-shirts onde se
podia ler “ Frankie Says… “ e “ Relax “. A polémica estava instalada e a sorte
grande tinha saído aos Frankie Goes To Hollywood, com o single de estreia a
atingir o Nº1 do top britânico a 28 de Janeiro de 1984.
Mas nem só de marketing viveu Relax. Era
realmente uma grande música com um produtor à altura, o famosíssimo Trevor Horn
(dos The Buggles, de Vídeo killed the radio star). A sonoridade
era inovadora devido a uma nova abordagem da electrónica. Os próprios Duran
Duran ficaram de tal forma surpreendidos com a electrónica da música, que
chamaram-lhe “ parede electrónica “, a fazer lembrar a “ wall of sound “ de
Spector. A sensação de se estar perante algo de novo e ao mesmo tempo polémico
e provocante fez dos Frankie Goes To Hollywood um novo ícone, não apenas
musical como também sexual e alvo da admiração da comunidade gay. De
praticamente desconhecidos passaram a estrelas à escala mundial em poucos
meses, protagonizando em 84 a vanguarda e o futuro do rock.
Para além de Relax, mais outros dois singles conseguiriam o feito
de chegar a Nº1, Two tribes e The power of love. De
uma assentada o álbum Welcome to the pleasuredome, que também
chegou ao primeiro lugar da tabela de vendas britânica, tinha 3 singles em Nº1,
mais um 2º lugar do single homónimo.
Com a fasquia elevada ao máximo, o já difícil segundo álbum para qualquer
banda, seria ainda mais difícil para os Frankie Goes To Hollywood. Em 86 é
editado Liverpool e os resultados ficam aquém das expectativas. O
fracasso só não foi maior porque o álbum alcança o 5º lugar do top britânico e
coloca o single Rage hard em Nº4. Mas perante o furacão que foi Welcome
to pleasuredome, Liverpool fica a saber a pouco. No
início de 87 a banda dá início à tournée de promoção do segundo álbum, que
termina poucos meses depois, colocando um ponto final no projecto. A audiência
dos Frankie Goes To Hollywood parecia ter-se eclipsado e tanto Holly Johnson
como Paul Rutherford seguiram carreiras a solo.
Quanto maior a subida, mais rápida a queda e foi precisamente isto que
aconteceu ao grupo que um dia simbolizou o futuro do rock. Daí o título deste
artigo “ O futuro mais que passado… “.
Muitas vezes catalogados como banda “ One Hit Wonder “, penso que os Frankie
Goes To Hollywood, pelo impacto social e musical que tiveram, estiveram uns
passos à frente dos seus concorrentes directos (diga-se projectos de curto
prazo), para justificar ficarem excluídos daquele estigmatizante cliché. Para a
história ficam os números: só o single Relax pode orgulhar-se de
ter vendido quase 2 milhões de cópias (apenas em solo britânico), mantendo-se
ainda hoje como uma das músicas mais populares de todos os tempos. Fiquem com o video...
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