segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

AC/DC - Back in Black

Musicalmente, o ano de 1980 ficaria marcado pelas mortes trágicas de Ian Curtis e de John Lennon. O súbito desaparecimento do vocalista dos AC/DC, no mesmo ano, levantava uma questão complicada: como substituir a face visível do projecto ? A escolha estava longe de ser fácil. Bon Scott era um cantor carismático e personificava o derradeiro outlaw do rock n´roll. No entanto, inspirados nas boas impressões causadas a Scott por um certo vocalista dos Georgie, optariam por Brian Johnson.
As gravações do sucessor de "Highway To Hell" decorreram nas Bahamas, entre Abril e Maio de 1980. Segundo Johnson, "sentiu-se uma presença qualquer". E a ideia de que algumas letras de Bon teriam sido aproveitadas para as sessões, nunca foi totalmente desmentida. O resultado final viu a luz do dia em Agosto do mesmo ano, com resultados retumbantes. À primeira vista, a reacção do público poderia denotar uma espécie de despedida generosa a Bon Scott. Mas, os resultados artísticos revelavam mais do que isso. Na altura, aquela sonoridade era a mais pesada que alguma vez tinha escutado e altamente desaconselhável a audições caseiras. Sem possuír os conhecimentos musicais que hoje tenho, sabia lá no fundo que era contagiante e do melhor que se podia requisitar para uma boa festa que se prezasse. O disco era fantástico, mas "Back In Black" e "Hells Bells" conquistaram-me. A faixa título mostrava que, afinal de contas, a banda não tinha morrido de todo, graças aos poderosos riffs dos irmãos Young e à memorável desbunda de guitarra de Angus Young. Era impossível não abanar a cabeça ao som de um tema que merece o título definitivo de hino de estádio. Se "Back In Black" era notável, "Hells Bells", a música de abertura, não o era menos. A primeira impressão é a de uma missa de finados rock. Afinal de contas, os sinos de abertura apontavam para Bon Scott. A progressão do tema viria a revelar uma combinação engenhosa entre as soluções guitarrísticas de Angus Young e um coro uivante, a meio-gás. Quase não reparei na ausência de Bon Scott, uma vez que Brian Johnson assimilou bem o seu novo papel. Em comum, tinham o gosto pela famosa tríade: sexo, álcool e rock n´roll. Essa garra e impersonificação de tal imaginário percorre o trabalho com uma considerável dose de determinação. Uma palavra para a apologia às escapadelas de "You Shook Me All Night Long" e a outro clássico imediato: "Rock & Roll Ain´t Noise Pollution".

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