domingo, 18 de janeiro de 2015

The Cars: Mestres de 80

Ao surgimento de bandas como os Interpol, Killers ou Franz Ferdinand, não é alheio um fenómeno que dominou as tabelas de vendas de há 30 anos atrás. Com o epicentro situado em Massachussets, os Cars fundiram o rock de garagem com a pop e criaram a receita de maior sucesso na new wave americana de 80.

O encontro de Ric Ocasek (guitarrista e vocalista) e Benjamin Orr (baixista e vocalista), em inícios de 70, serviria de impulso a alguns agrupamentos e, finalmente, aos Cars, em 1976. Elliot Easton (guitarrista principal), Dave Robinson (baterista) e Greg Hawkes (teclista), completavam o elenco.

Uma bem sucedida aventura radiofónica de "Just What I Needed", em 1977, catapulta-os para a gravação do seu primeiro disco, pela editora Elektra Records. Lançado no verão do ano seguinte, "The Cars", permanece nos tops durante dois anos e meio, vendendo cerca de seis milhões de cópias, incluindo mais dois singles de sucesso: "My Best Friend´s Girl" e "Good Times Roll".

Para muitos críticos, este seria o grande álbum do conjunto, mas "Candy-O" conquista, em 1979, o estatuto de platina e fornece um tema de êxito: "Let´s Go". E o primeiro trabalho da década de 80, "Panorama", revela uns Cars mais ousados, mas, ainda assim, alcança o número cinco da tabela de discos mais vendidos nos Estados Unidos da América.

É nesta altura que a banda conhece o famoso pintor-cineasta, Andy Warhol. O artista Nova Iorquino, que já tinha produzido os Velvet Underground, mostrava-se impressionado com o talento do conjunto. E, passados quatro anos, dirige um dos seus mais polémicos videoclips. De referir que em "Hello Again", Warhol faz também uma pequena participação, como barman. 

Ultrapassado 1981, e com ele o êxito do lp "Shake It Up", seguiu-se um período de projectos individuais de Ocasek, Orr e Hawkes. Três anos depois, os Cars assinam o seu trabalho de maior sucesso: "Heartbeat City". Este é o álbum que consagra o agrupamento como estrelas da jovem MTV. Dois clips destacam-se: a balada "Drive" e o já referido "Hello Again".

O que mais espanta neste disco é a qualidade de algumas faixas "menores", principalmente a beleza enigmática e magnética da faixa título e a simplicidade desarmante de Ocasek em "Why Can´t I Have You".  Entretanto, o ano de 1985 traria boas surpresas para os Cars, através de uma boa prestação no Festival Live Aid, enriquecida com a projecção de imagens sobre a fome em África, ao som de "Drive".

Uma colectânea de sucessos, "Greatest Hits", sucederia a "Heartbeat City",
em 1986. E "Door To Door" viria a ser o derradeiro trabalho do conjunto. O último disco com a chancela Cars é desequilibrado. Se a roqueira "Strap Me In" ainda augura bons ventos, o comercialismo gasto de "You Are The Girl" trata de os liquidar.

Os Cars foram mestres num som, o seu som, único e irrepetível. Nele, combinava-se uma certa elegância pop e refrões orelhudos, sem perder de vista o rock n´roll. A morte de Benjamin Orr no ano 2000 pôs fim à carreira de um músico notável e simultaneamente a um regresso não falseado do conjunto. É ele que vemos, justamente, assumir a vocalização do clássico "Just What I Needed", num video de 1978 que ilustra este texto.

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