Ao surgimento de bandas como os Interpol,
Killers ou Franz Ferdinand, não é alheio um fenómeno que dominou as tabelas de
vendas de há 30 anos atrás. Com o epicentro situado em Massachussets, os Cars
fundiram o rock de garagem com a pop e criaram a receita de maior sucesso na
new wave americana de 80.
O encontro de Ric Ocasek (guitarrista e
vocalista) e Benjamin Orr (baixista e vocalista), em inícios de 70, serviria de
impulso a alguns agrupamentos e, finalmente, aos Cars, em 1976. Elliot Easton
(guitarrista principal), Dave Robinson (baterista) e Greg Hawkes (teclista),
completavam o elenco.
Uma bem sucedida aventura radiofónica de
"Just What I Needed", em 1977, catapulta-os para a gravação do seu
primeiro disco, pela editora Elektra Records. Lançado no verão do ano seguinte,
"The Cars", permanece nos tops durante dois anos e meio, vendendo
cerca de seis milhões de cópias, incluindo mais dois singles de sucesso:
"My Best Friend´s Girl" e "Good Times Roll".
Para muitos críticos, este seria o grande álbum
do conjunto, mas "Candy-O" conquista, em 1979, o estatuto de platina
e fornece um tema de êxito: "Let´s Go". E o primeiro trabalho da
década de 80, "Panorama", revela uns Cars mais ousados, mas, ainda
assim, alcança o número cinco da tabela de discos mais vendidos nos Estados
Unidos da América.
É nesta altura que a banda conhece o famoso
pintor-cineasta, Andy Warhol. O artista Nova Iorquino, que já tinha produzido
os Velvet Underground, mostrava-se impressionado com o talento do conjunto. E,
passados quatro anos, dirige um dos seus mais polémicos videoclips. De referir
que em "Hello Again", Warhol faz também uma pequena participação,
como barman.
Ultrapassado 1981, e com ele o êxito do lp
"Shake It Up", seguiu-se um período de projectos individuais de Ocasek,
Orr e Hawkes. Três anos depois, os Cars assinam o seu trabalho de maior
sucesso: "Heartbeat City". Este é o álbum que consagra o agrupamento
como estrelas da jovem MTV. Dois clips destacam-se: a balada "Drive"
e o já referido "Hello Again".
O que mais espanta neste disco é a qualidade de
algumas faixas "menores", principalmente a beleza enigmática e
magnética da faixa título e a simplicidade desarmante de Ocasek em "Why
Can´t I Have You". Entretanto, o
ano de 1985 traria boas surpresas para os Cars, através de uma boa prestação no
Festival Live Aid, enriquecida com a projecção de imagens sobre a fome em
África, ao som de "Drive".
Uma colectânea de sucessos, "Greatest
Hits", sucederia a "Heartbeat City",
em 1986. E "Door To Door" viria a ser
o derradeiro trabalho do conjunto. O último disco com a chancela Cars é desequilibrado.
Se a roqueira "Strap Me In" ainda augura bons ventos, o comercialismo
gasto de "You Are The Girl" trata de os liquidar.
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